quarta-feira, 24 de abril de 2013

Muito barulho por nada


Muito barulho por nada

Eu vivo a observar minha vizinhança, onde há pessoas de bom coração e bem divertidas. Pensei, então, que um dos fatos ocorridos com elas poderia dar uma ótima crônica. Sentei em frente ao meu computador e comecei a lembrar de um caso que vi outro dia...
Esqueci-me de dizer com quem se passou esse caso. Sou morador de um prédio onde também mora, e é faxineira, dona Ana, uma senhora muito fofoqueira. Ela tem uma filha chamada Fernanda, universitária que cursa Letras e não fica atrás nas fofocas.
Todos os dias, aqui na rua seu João, um catador de recicláveis muito gente boa, junta-se as duas para falar de tudo que se passa e de todos que passam na rua.
Voltemos ao caso. Estava acontecendo uma certa “confusão” na casa vizinha. E lá estavam os três a fofocar.
– Mãe, o que que tá acontecendo ali?
– Oxe, minha fia, só pode ser um fuzuê desgramado! Disse dona Ana esticando o pescoço para tentar ver o que se passava. Nesse instante, chega seu João:
– É mermo! Deve de ser bagunça, cadiquê aquele povo vive arrumano confusão.
– Olhe lá o vizim no maió aperrei... Duvido que ele não pegou a muié dele com outro caba. Fiquei sabenu que ele tava mei cabreiro com ela.
– É mesmo, mãe! Me falaram que ele tava desconfiado dela com o irmão! Acredita?
– Eu
– Eu já ovi uas história assim... O marido até mato a mulé por causo disso.
– Será que ele bateu nela? Escuitei um salcero essa noite... Boa coisa num é!
– Eu vi eles compranu uas bebida. Deve tudo ter bibido até rumar essa confusão aí ó...
– É verdade, mas é mió nóis pregunta pro povo aí da rua. Oxente! Vai que dá um tiro, sei lá...
– Isso! Os três concordaram.
– Ei, mininu!
– Diga, dona Ana...
– Sabe que fuzuê é aquele ali? Tá um entre e sai de gente danado...
O rapaz, conhecendo bem os três, olha-os com um sorriso irônico no rosto e responde:
– Sei sim... é que tá rolando uma festa. Eles tão comemorando porque a moça tá grávida...

T. P., Turma 1901


2 comentários:

  1. Gostei da crônica.rss

    Difícil é escrever no dialeto deles, né?

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    1. Com certeza, isso mostra que dentro de uma língua existem várias outras.

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