Exemplo de texto não-literário
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Exemplo de texto literário em verso
"(...)
Penetra
surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?”
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?”
Carlos Drummond de Andrade
Trecho do poema Procura da poesia em:
http://pensador.uol.com.br/frase/Mzk0MDU/
Exemplo de texto literário em prosa
Trecho do poema Procura da poesia em:
http://pensador.uol.com.br/frase/Mzk0MDU/
Exemplo de texto literário em prosa
O estranho
ofício de escrever
Fernando
Sabino
Éramos três
condenados à crônica diária: Rubem no Diário de Notícias, Paulo no Diário
Carioca e eu no O Jornal. Não raro um caso ou uma ideia, surgidos na mesa do
bar, servia de tema para mais de um de nós. Às vezes para os três. Quando caiu
um edifício no bairro Peixoto, por exemplo, três crônicas foram por
coincidência publicadas no dia seguinte, intituladas respectivamente: “Mas não
cai?”, “Vai cair” e “Caiu”.
Até que um
dia, numa hora de aperto, Rubem perdeu a cerimônia:
— Será que
você teria uma crônica pequenininha para me emprestar?
Procurei nos
meus guardados e encontrei uma que talvez servisse: sobre um menino que me
pediu um cruzeiro para tomar uma sopa, foi seguido por mim até uma miserável
casa de pasto da Lapa: a sopa existia mesmo, e por aquele preço. Chamava-se “O
preço da sopa”. Rubem deu uma melhorada na história, trocou “casa de pasto” por
“restaurante”, elevou o preço para cinco cruzeiros, pôs o título mais simples
de “A sopa”.
Tempos mais
tarde chegou a minha vez — nada como se valer de um amigo nas horas difíceis:
— Uma crônica
usada, de que você não precisa mais, qualquer uma serve.
— Vou ver o
que posso fazer - prometeu ele.
Acabou me
dando de volta a da sopa.
— Logo esta?
- protestei.
— As outras
estão muito gastas.
Sou pobre mas
não sou soberbo. Ajeitei a crônica como pude, toquei-lhe uns remendos,
atualizei o preço para dez cruzeiros e liquidei de vez com ela, sob o título:
“Esta sopa vai acabar”.
Saiba a diferença de Prosa e Poesia
São duas as formas de um texto literário:
a- Prosa: as linhas ocupam toda a extensão horizontal da página, excetuando as margens convencionais. O texto divide-se em blocos chamados parágrafos.
O tempo lá fora
Oswaldo França Jr.
Dentro de minha casa o vento não penetrava, somente lá fora era frio e o vento assobiava. Mas veio alguém e abriu a porta. Meus pés gelaram e meus ouvidos escutaram os gemidos do vento.
Agora não posso deixar que fecham a porta. De que modo gozarei o calor e o silêncio de minha casa, sabendo como está frio e como venta além destas paredes?
FRANÇA JR, Oswaldo. As laranjas iguais. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985. p.47.
b- Poesia: as linhas não ocupam toda a extensão horizontal da página. O texto divide-se em blocos chamados estrofes. Cada linha do poema é denominado verso.
Unidade
Carlos Drummond de Andrade
As plantas sofrem como nós sofremos.
Por que não sofreriam
Se esta é a chave da unidade do mundo?
A flor sofre, tocada
por mão inconsciente.
Há uma queixa abafada
em sua docilidade.
A pedra é sofrimento
paralítico, eterno.
Não temos nós, animais,
sequer o privilégio de sofrer.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Farewell. Rio de Janeiro, Record, 1996. p.13