sábado, 23 de novembro de 2013

H. G. Wells

H. G. Wells

Imagine um mundo onde é possível fazer viagens no tempo, para o passado ou para o futuro, encontrar civilizações diferentes ou a própria civilização humana em estágios diferentes de evolução. Imagine a terra sendo invadida por seres de outros planetas com suas próprias tecnologias, ou então um homem que pudesse ser invisível. Herbert George Wells imaginou.
Tudo bem, hoje em dia Hollywood nos permite imaginar até mais e isso tudo dito acima parece até brincadeira de criança. Mas você não pensaria assim se em 1895, H. G. Wells não tivesse começado a imaginar.

Wells nasceu em 1866, em Bromley, na Inglaterra filho de um pequeno comerciante. Antes de ingressar na Escola Normal  de Ciências em Londres, onde conheceu Thomas H. Huxley de quem ficaria bastante amigo, Wells trabalhou como professor-assistente. Após se formar chegou a trabalhar como professor de biologia até se tornar jornalista e escritor profissional.

Seu primeiro livro publicado foi “A Máquina do Tempo”, em 1895, o romance inaugural das viagens para o futuro ou para o passado. Ao contrário de Júlio Verne, já famoso escritor de ficção científica (embora o termo ainda não tivesse sido cunhado – ele foi criado em 1926 por Hugo Gernsback na revista Amazing Stories), Wells tinha o foco de suas histórias na condição social do homem. Segundo teria dito Júlio Verne: “As criações do Sr. Wells pertencem sem reserva a uma era e grau de conhecimento científico muito distantes do presente, entretanto não vou dizer que inteiramente além dos limites do possível”.

Outras obras de H. G. Wells foram: A Ilha do Doutor Moureau (1896), O Homem Invisível (1897) e A Guerra dos Mundos (1898), trabalhos que o consagraram como um pioneiro da ficção científica. Outros trabalhos como Kipps (1905) e História de Mr. Polly (1910) não se tratam de ficção científica, assim como O Esboço da História (1920) e O Trabalho, Riqueza e Felicidade Humana (1932), considerados mais realistas. Em “The Fate of The Homo Sapiens” Wells já estava começando a abandonar o otimismo quanto ao desenvolvimento da raça humana e sua sobrevivência. Em 1904, Wells ainda publicou “Guerra Área” obra onde anteciparia os bombardeios que ocorreram na II Guerra.

Wells “previu” tantas descobertas em suas obras que alguns de seus leitores chegaram a acreditar até que o mundo seria como Wells o descrevesse em suas novelas, artigos e livros de ficção.

Wells morreu em 1946 por causas desconhecidas.

Por Caroline Faria



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Conjunções

Conjunções

Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou dois termos semelhantes de uma mesma oração.

CLASSIFICAÇÃO
- Conjunções Coordenativas
- Conjunções Subordinativas

CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
Dividem-se em:

- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma.

Observe os exemplos:

- Ela foi ao cinema e ao teatro.
- Minha amiga é dona-de-casa e professora.
- Eu reuni a família e preparei uma surpresa.
- Ele não só emprestou o joguinho como também me ensinou a jogar.

Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também, não só...como também.

- ADVERSATIVAS
Expressam ideias contrárias, de oposição, de compensação. Exemplos:

- Tentei chegar na hora, porém me atrasei.
- Ela trabalha muito mas ganha pouco.
- Não ganhei o prêmio, no entanto dei o melhor de mim.
- Não vi meu sobrinho crescer, no entanto está um homem.

Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto.

ALTERNATIVAS
Expressam ideia de alternância.

- Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
- Minha cachorra ora late ora dorme.
- Vou ao cinema quer faça sol quer chova.

Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer...quer, já...já.

CONCLUSIVAS
Servem para dar conclusões às orações. Exemplos:

- Estudei muito por isso mereço passar.
- Estava preparada para a prova, portanto não fiquei nervosa.
- Você me ajudou muito; terá, pois sempre a minha gratidão.

Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.

EXPLICATIVAS
Explicam, dão um motivo ou razão:

- É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora.
- Não demore, que o seu programa favorito vai começar.

Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS

CAUSAIS
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma vez que, como (= porque). Exemplos:

- Não pude comprar o CD porque estava em falta.
- Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
- Como não sabe dirigir, vendeu o carro que ganhou no sorteio.

COMPARATIVAS
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como, mais...do que, menos...do que.

- Ela fala mais que um papagaio.

CONCESSIVAS
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, mesmo que, apesar de, se bem que.

Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato inesperado.Traz em si uma ideia de “apesar de”.

- Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar cansada)
- Apesar de ter chovido fui ao cinema.

CONFORMATIVAS

Principais conjunções conformativas: como, segundo, conforme, consoante

- Cada um colhe conforme semeia.
- Segundo me disseram a casa é esta.

Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade.

CONSECUTIVAS
Expressam uma ideia de consequência.

Principais conjunções consecutivas: que ( após “tal”, “tanto”, “tão”, “tamanho”).

- Falou tanto que ficou rouco.
- Estava tão feliz que desmaiou.

FINAIS
Expressam ideia de finalidade, objetivo.

- Todos trabalham para que possam sobreviver.
- Viemos aqui para que vocês ficassem felizes.

Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque (=para que),

PROPORCIONAIS
Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto mais, ao passo que, à proporção que.

- À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
- Quanto mais ela estudava, mais feliz seus pais ficavam.

TEMPORAIS
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo que.

- Quando eu sair, vou passar na locadora.
- Chegamos em casa assim que começou a chover.
- Mal chegamos e a chuva desabou.

Obs: Mal é conjunção subordinativa temporal quando equivale a "logo que".

O conjunto de duas ou mais palavras com valor de conjunção chama-se locução conjuntiva.

Exemplos: ainda que, se bem que, visto que, contanto que, à proporção que.

Algumas pessoas confundem as circunstâncias de causa e consequência. Realmente, às vezes, fica difícil diferenciá-las.

Observe os exemplos:
- Correram tanto, que ficaram cansados.

“Que ficaram cansados” aconteceu depois deles terem corrido, logo é uma consequência.
Ficaram cansados porque correram muito.

“Porque correram muito” aconteceu antes deles ficarem cansados, logo é uma causa.

Por Cristiana Gomes


Preposição

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura da língua pois estabelecem a coesão textual  e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição

1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições.

A, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.

2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições.

Como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.

3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas.

Abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em gênero ou em número.

Ex: por + o = pelo

por + a = pela

Vale ressaltar que essa concordância não é característica da preposição e sim das palavras a que se ela se une.

Dicas sobre preposição

1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los?

- Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo a um substantivo. Ele servirá para determiná-lo como um substantivo singular e feminino.

- A dona da casa não quis nos atender.
- Como posso fazer a Joana concordar comigo?

- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois termos e estabelece relação de subordinação entre eles.

- Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
- Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar um tratamento adequado.

- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ou a função de um substantivo.

- Temos Maria como parte da família. / A temos como parte da família
- Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. / Creio que a conhecemos melhor que ninguém.

2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das preposições:

Destino

Irei para casa.

Modo

Chegou em casa aos gritos.

Lugar

Vou ficar em casa;

Assunto

Escrevi um artigo sobre adolescência.

Tempo

A prova vai começar em dois minutos.

Causa

Ela faleceu de derrame cerebral.

Fim ou finalidade

Vou ao médico para começar o tratamento.

Instrumento

Escreveu a lápis.

Posse

Não posso doar as roupas da mamãe.

Autoria

Esse livro de Machado de Assis é muito bom.

Companhia

Estarei com ele amanhã.

Matéria

Farei um cartão de papel reciclado.

Meio

Nós vamos fazer um passeio de barco.

Origem

Nós somos do Nordeste, e você?

Conteúdo

Quebrei dois frascos de perfume.

Oposição

Esse movimento é contra o que eu penso.

Preço

Essa roupa sai por R$ 50 à vista.

Por Ana Paula de Araújo



Ficção científica

Ficção Científica

A Ficção Científica  costuma ser definida como um gênero literário que engloba histórias fictícias, mas que se propõem a fantasiar sobre algo possível, mesmo que não o seja no presente. Entretanto, a ficção científica pode estar presente em histórias, filmes, livros e etc. que pertencem a outro gênero como romance, terror, ação. Basta considerar os sucessos de Hollywood como Alien e Predador classificados como filmes de terror, mas que apresentam muita ficção científica.

Seja como for, os precursores da ficção científica foram, sem sombra de dúvidas: H. G. Wells e Júlio Verne que disputam páreo a páreo o título de “pai da ficção científica”, e Mary Shelley, a mãe inconteste deste gênero que exige cabeças abertas e zero preconceito para a apreciação de novas e ousadas idéias.

Foram de H. G. Wells, por exemplo, as primeiras histórias sobre viagens no tempo (A Máquina do Tempo), invasões extraterrenas (A Guerra dos Mundos) e super heróis (O Homem Invisível), embora este último tipo de histórias  se confunda um pouco com as ficções fantásticas (quando o roteirista ou escritor, com todo direito, “viaja na maionese” e cria histórias ou situações que, comprovadamente, não podem ser reais, ou onde, pelo menos, não há a preocupação de afirmar a viabilidade real destes acontecimentos) e tenha suas raízes em histórias mitológicas como as de Hércules. Júlio Verne, por sua vez, inaugurou as histórias sobre viagens para fora da terra (Viagem a Lua) e viagens espetaculares aqui mesmo, na terra (Viagem ao Centro da Terra ou Vinte Mil Léguas Submarinas), e Mary Shelley, as histórias sobre criaturas especiais ou monstrengos (Frankenstein).

H. G. Wells parece ganhar o páreo com maior número de influências, mas é que Verner chegou primeiro. De qualquer forma, o fato é que a ficção científica está sempre lado a lado com a ciência. Em 1865, por exemplo, Júlio Verne levou o homem à lua. Assim como a NASA fez em 1969 com Neil Armstrong.

O termo “ficção científica” surgiu em 1929 das idéias de Hugo Gernsback, o mesmo que criou a lendária “Amazing Stories”, uma publicação especializada que ganhou até uma série homônima na televisão. Na década de 50 o termo “Sci-Fi”, abreviatura de “science fiction”, ganhou fama nos EUA.

Por Caroline Faria




sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Os homenzinhos de Grork (Luís Fernando Veríssimo)

Os homenzinhos de Grork

A ficção científica parte de alguns pressupostos, ou preconceitos, que nunca foram devidamente discutidos. Por exemplo: sempre que uma nave espacial chega à Terra vinda de outro planeta, é um planeta mais adiantado do que o nosso. Os extraterrenos nos intimidam com suas armas fantásticas ou com sua sabedoria exemplar. Pior do que o raio da morte é o seu ar de superioridade moral. A civilização deles é invariavelmente mais organizada e virtuosa do que a da Terra e eles não perdem a oportunidade de nos lembrar disto. Cansado de tanta humilhação, imaginei uma história de ficção diferente. Para começar, o Objeto Voador Não Identificado que chega à Terra, descendo numa planície do Meio-Oeste dos Estados Unidos, chama a atenção por um estranho detalhe: a chaminé.
― Vi com estes olhos, xerife. Ele veio numa trajetória irregular, deu alguns pinotes, tentou subir e depois caiu como uma pedra.
― Deixando um facho de luz atrás?
― Não, um facho de fumaça. Da chaminé.
― Chaminé? Impossível. Vai ver o alambique do velho Sam explodiu outra vez e sua cabana voou.
― Não. Tinha o formato de um disco voador. Mas com uma chaminé em cima.
O xerife chama as autoridades estaduais, que cercam o aparelho. Ninguém ousa se aproximar até que cheguem as tropas federais. Um dos policiais comenta para outro:
― Você notou? A vegetação em volta...
― Dizimada. Provavelmente um campo magnético destrutivo que cerca o disco e...
― Não. Parece cortada a machadinha. Se não fosse um absurdo eu até diria que eles estão colhendo lenha.
Nesse instante, um segmento de um dos painéis do disco, que é todo feito de madeira compensada, é chutado para fora e aparecem três homenzinhos com machadinhas sobre os ombros. Os três saem à procura de mais árvores para cortar. Estão examinando as pernas de um dos policiais, quando este resolve se identificar e aponta um revólver para os homenzinhos.
― Não se mexam ou eu atiro.
Os homenzinhos recuam, apavorados, e perguntam:
― Atira o quê?
― Atiro com este revólver.
O policial dá um tiro para o chão como demonstração. Os homenzinhos, depois de refeitos do susto, aproximam-se e passam a examinar a arma do policial, maravilhados. Os outros policiais saem de seus esconderijos e cercam os homenzinhos rapidamente. Mas não há perigo. Eles querem conversa. Para facilitar o desenvolvimento da história, todos falam inglês.
― Vocês não conhecem armas, certo? ― quer saber um Policial. ― Estão num estágio avançado de civilização em que as armas são desnecessárias. Ninguém mais mata ninguém.
― Você está brincando? ― responde um dos homenzinhos. ― Usamos machadinhas, tacapes, estilingue, catapulta, flecha, qualquer coisa para matar. Uma arma como essa seria um progresso incrível no nosso planeta. Precisamos copiá-la!
Chegam as tropas federais e diversos cientistas para examinarem os extraterrenos e seu artefato voador. Começam as perguntas. De que planeta eles são? De Grork. Como é que se escreve? Um dos homenzinhos risca no chão: GRRK.
― Deve faltar uma letra ― observa um dos cientistas.
― O "O".
― O "O"?
― Assim ― diz o cientista da Terra, fazendo uma roda no chão.
O homenzinho examina o "O". As possibilidades da forma são evidentes. A roda! Por que não tinham pensado nisso antes? Voltarão para o Grork com três idéias revolucionárias: o revólver, a roda e a vogal. Querem saber onde estão, exatamente. Nunca ouviram falar na Terra. Sempre pensaram que seu planeta fosse o centro do universo e aqueles pontinhos no céu, furos no manto celeste. Sua viagem era uma expedição científica para provar que o planeta Grork não era chato como muitos pensavam e que ninguém cairia no abismo se passasse do horizonte. Sua intenção era navegar até o horizonte.
E como tinham vindo parar na Terra?
Pois é. Alguma coisa deu errado.
Tinham descido na Terra, porque faltara lenha para a caldeira que acionava as pás que moviam o barco. Então aquilo era um barco? Bom, a idéia fora a de fazer um barco. Só que em vez de flutuar, ele subira. Um fracasso. Os homenzinhos convidam os cientistas a visitarem a nave. Entram pelo mesmo buraco de madeira da nave, que depois é tapado com uma prancha e a prancha pregada na parede. Outra boa idéia que levarão da Terra é a da dobradiça de porta.
O interior da nave é todo decorado com cortinas de veludo vermelho. Há vasos com grandes palmas, lustres, divãs forrados com cetim. Um dos homenzinhos explica que também tinham um piano de cauda, mas que o queimaram na caldeira quando faltou lenha. Tudo do mais moderno.
― E que mensagem vocês trazem para o povo da Terra? ― pergunta um dos cientistas.
Os homenzinhos se entreolham. Não vieram preparados. Mas como a Terra os recebeu tão bem, resolvem revelar o segredo mais valioso da sua civilização. A fórmula de transformar qualquer metal em ouro.
― Vocês conseguiram isso? ― espanta-se um cientista.
― Ainda não ― responde um homenzinho ― mas é só uma questão de tempo. Nossos cientistas trabalham sem cessar na fórmula, queimando velas toda a noite.
― Velas? Lá não há eletricidade?
― Elequê?
― Eletricidade. Energia elétrica. As coisas lá são movidas a quê?
― A vapor. É tudo com caldeira.
― Mas isso não é incômodo?
 ― Às vezes. O barbeador portátil, por exemplo. precisa de dois para segurar. Mas o resto...

Luís Fernando Veríssimo 

Vocabulário

Pressuposto - adj. Pronuncia-se: /pressupôsto/. Aquilo que se pode pressupor; presumido.  s.m. O que se pode supor de modo antecipado; pressuposição. O que se pretende alcançar, buscar; meta, objetivo etc. Plano que se faz para desenvolver alguma coisa; projeto. Desculpa ou razão dada para disfarçar o real motivo de um comportamento ou omissão; desculpa, pretexto. Jurídico. Circunstância ou fato classificado como um antecedente fundamental de outro.
http://www.dicio.com.br/pressuposto/

Os mistérios do Cosmos (Xisto no espaço)

OS MISTÉRIOS DO COSMOS

Lá se foi o foguete rumo ao Espaço! No primeiro segundo, subiu cinco metros: no seguinte, quinze; no terceiro, cinquenta, e assim por diante. A rápida e crescente aceleração provocou em Bruzo uma terrível sensação de esmagamento. O peso de ambos tivera um aumento aparente de... trezentos quilos cada um! Deitados em posição perpendicular ao eixo do foguete, os dois amigos tentavam suportar a pressão sem perder os sentidos.
- Tudo legal - conseguiu Xisto dizer em código,ainda que em voz ofegante, no microfone instalado perto da boca.
Três minutos depois ouviu-se um alto e profundo suspiro: o primeiro estágio do foguete terminara a sua combustão e desprendera-se, caindo em direção à Terra. Um novo impacto sacudiu os astronautas: o segundo estágio começara a funcionar automaticamente. Foram tremendos aqueles três minutos! O pulso de Xisto acelerou-se e, todo crispado, ele sentiu que a vista lhe escurecia. Estava prestes a ter uma síncope! Seu peso agora aumentara. . . setecentos quilos... Afundado no colchão, Bruzo curtia em silêncio o mais pavoroso dos medos. A astronave fora lançada de oeste para leste, a fim de aproveitar a direção e a velocidade de rotação da Terra. Pelo periscópio com espelho orientável, Xisto, mesmo perturbado como estava, via do leito o seu Planeta se distanciando, redondo e solto no Espaço, rodeado por uma cinta alaranjada, depois azul-pálida e, em seguida, azul forte. (Como já estavam longe Protônius, Van-Van e sua gente!) Um minuto depois, surgiu a face escura do céu feericamente constelado de estrelas que, devido à falta de atmosfera, ainda mais claras se tornavam. Um enorme disco, branco e luminoso como nunca, apareceu sem a auréola que o circunda, quando visto da Terra: o Sol. Dominado pelo mal-estar que sentia, Xisto nem pôde observar aquele espetáculo que lembrava um fantástico cenário de teatro! Subitamente parou o ronco dos motores. A nave abandonara o segundo estágio. Fez-se um silêncio total, e tudo ficou leve. . . leve. . . As duas barreiras do calor e da gravidade tinham sido vencidas: a primeira, provocada pelo atrito do ar graças ao material isolante que Van-Van empregara na construção do aparelho; a segunda, devido ao poderoso combustível utilizado, e que conseguira impulsionar os foguetes. Estavam entrando gradativamente no espaço sideral. Os dois amigos não mais sentiam o próprio peso, e tiveram a sensação de que seus leitos se afrouxaram como se houvessem caído num imenso poço sem fundo. . . Apertando um simples botão, os cintos que os atavam às camas se soltaram, e eles saíram para fora. Que horror!. . . Não conseguiram "tomar pé"! A perda de peso tivera como resultado o desaparecimento da noção de "embaixo" ou "em cima", de direita ou esquerda. Ambos flutuavam no ar em posições inteiramente ridículas! Boiando virado ao contrário, Bruzo parecia estar "plantando bananeira"... Que situação! Quando Xisto tentava estender os braços para a frente, via-se projetado para trás. Foi uma luta até que os dois conseguissem agarrar as alças que havia nas paredes da cabina, para servirem de ponto de apoio. Felizmente a parte interna da astronave era acolchoada, a fim de evitar que movimentos bruscos provocassem choques e ferimentos. Van-Van tivera a boa ideia de munir os calçados dos astronautas de ferraduras fortemente imantadas, as quais, atraídas pelo piso metálico, permitiam que eles pudessem andar sobre os pés e não sobre a. . . cabeça. E, aos poucos, acabaram se acostumando com a imponderabilidade. Xisto e Bruzo puderam, enfim, transformar os leitos em poltronas, desembaraçando-se dos escafandros interplanetários.


 ALMEIDA, Lúcia Almeida de – Xisto no espaço. 20ª Ed. São Paulo: Ática, 1984, p.15-17.

Vocabulário

perpendicular - adj.m. e adj.f. Geometria. Que forma ângulo reto com; diz-se das retas e/ou planos que podem ser interceptados por um ângulo reto; que produz um ângulo reto com outra reta ou plano. Que se encontra de modo exato no prumo.

combustão - s.f. Ação de queirmar: o ar é necessário à combustão.Quím. Qualquer reação química que produza calor e luz. A reação instantânea do oxigênio com qualquer substância é denominada combustão. Usualmente associa-se combustão a fogo, mas ela inclui muitas outras reações químicas. A combustão ocorre, por exemplo, quando o cloro queima em presença do gás hidrogênio, ou quando qualquer substância queima em presença de cloro.

crispado é uma palavra derivada de:crispar - v.t. Encrespar, franzir: crispar o cabelo. / Contrair: crispar as mãos de nervoso. / — V.pr. Contrair-se espasmodicamente, em consequência de irritação dos nervos.

síncope - s.f. Medicina Perda momentânea da consciência, acompanhada da suspensão real ou aparente da circulação e da respiração; chilique, delíquio, desmaio, faniquito, fanico.
Música Prolongamento sobre um tempo forte de uma nota emitida em tempo fraco ou na parte fraca de um tempo. (A síncope é ordinariamente representada por uma linha curva: ¿ ou º.)
Gramática Supressão de um ou mais fonemas no interior da palavra (ex.: maior [mor]).

feericamente – palavra derivada de feérico - adj. Que pertence ao mundo das fadas, ou é próprio de fadas; mágico. Fig. Deslumbrante, maravilhoso, espetacular: iluminação feérica.

escafandro - s.m. Equipamento de mergulho hermeticamente fechado que consiste em uma vestimenta impermeável provida de um aparelho respiratório que permite aos mergulhadores trabalhar debaixo de água.


http://www.dicio.com.br/