segunda-feira, 11 de maio de 2020

As três penas (irmãos Grimm)


 As Três Penas – Um conto animado dos Irmãos Grimm por [Irmãos Grimm, Miguel Guimarães]


            Era uma vez um rei que tinha três filhos. Dois deles eram inteligentes e sensatos, mas o terceiro não falava muito, era simpático e só chamado de Bobalhão.
            Quando o rei ficou velho e fraco e começou a pensar no seu fim, não sabia qual dos seus filhos deveria herdar o seu reino. Então ele lhes disse:
            - Ide-vos em viagem, e aquele que me trouxer o mais belo tapete, este será o meu herdeiro, após a minha morte.
            E para que não houvesse discussões entre eles, o rei levou-os em frente do castelo soprou três penas para o ar e falou:
            -Para onde elas voarem, pra lá ireis.
            A primeiro voou para Oeste, a segunda, para Leste e a terceira voou reto para a frente, mas não foi longe, logo caiu ao chão. Então um irmão partiu para a direita, outro para a esquerda, e eles zombaram o bobalhão, que teria de ficar lá mesmo, no lugar onde ela caiu.
            O bobalhão sentou-se no chão, tristonho. Aí ele reparou de repente que ao lado da pena havia uma porta de alçapão. Ele levantou-a, viu uma escada e desceu por ela. Então chegou a outra porta, bateu e ouviu lá dentro uma voz, chamando:
            "Donzela menina, / Verde e pequenina,
            Pula de cá pra lá, /  Ligeiro, vai olhar / Quem lá na porta está".
            A porta se abriu, e viu uma grande e gorda sapa sentada, rodeada por uma porção de sapinhos pequenos. A sapa gorda perguntou o que ele queria. Ele respondeu:
            - Eu gostaria de ter o mais lindo e fino tapete.
            Aí ela chamou uma sapinha jovem e disse:
            "Donzela menina, / Verde e pequenina,
            Pula de cá pra lá, / Ligeiro, vai buscar / A caixa que lá está".
            A sapa jovem trouxe uma grande caixa, e a sapa gordo abriu-a e tirou de dentro dela um tapete tão lindo e tão fino como não havia igual na superfície da terra, e o entregou ao Bobalhão. Ele agradeceu e subiu de volta.
            Os outros dois, porém, porém, julgavam o irmão caçula tão tolo, que achavam que ele não encontraria nem traria nada.
            -Para que vamos nos dar ao trabalho de procurar - disseram eles.
            Então, pegaram a primeira pastora de ovelhas que encontraram, tiraram-lhe do corpo as suas mantas grosseiras e levaram-nas ao rei.
            Mas na mesma hora voltou o Bobalhão, trazendo o seu belo tapete. Quando o rei viu, admirou-se e disse:
            -Por direito e justiça, o reino deve pertencer ao caçula.
            Mas os outros dois não davam sossego ao pai, dizendo que não era possível que o Bobalhão, a quem faltava principalmente juízo, se tornasse rei e pediram-lhe que exigisse mais uma condição. Então o pai falou:
            Herdará o meu reino aquele que me trouxer o anel mais belo.
            E ele levou os três irmãos para fora e soprou para o ar as três penas que eles deveriam seguir.
            Os dois mais velhos partiram de novo para Oeste e Leste, e para o Bobalhão a pena tornou a voar em frente e cair junto do alçapão. Então ele desceu de novo, e disse à sapa gorda que precisava do mais lindo anel. Ela mandou logo buscar a caixa, e tirou de dentro um anel que coruscava de pedras preciosas e era tão lindo como nenhum ourives da terra seria capaz de fazer.
            Os dois mais velhos zombaram do Bobalhão, que queria encontrar um anel de ouro, e nem se esforçaram. Arrancaram de um velho aro de roda e levaram-no ao rei. Mas quando o Bobalhão mostrou o seu anel de ouro, o pai disse novamente:
            -O reino pertence a ele.
            Mas os dois mais velhos não paravam de atormentar o rei, até que ele impôs uma terceira condição, e declarou que herdaria o reino aquele que trouxesse a jovem mais bonita. Ele soprou de novo para o ar as três penas, que voaram como das vezes anteriores.
            Então o Bobalhão desceu de novo até a sapa gorda e disse:
            - Eu devo levar para casa a mulher mais bonita de todas.
            -Ah, - disse a sapa- a mulher mais bonita? Esta não está à mão assim de repente, mas tu vais recebê-la.
            E ela lhe deu um nabo oco, com seis camundongos atrelados nele. Aí o Bobalhão falou bastante tristonho:
            - O que é que eu vou fazer com isso?
            A sapa respondeu:
             -Ponha uma das minhas sapinhas aí dentro.
            Então ele agarrou a esmo uma sapinha do grupo e colocou-a dentro do nabo amarelo; mas nem bem ela se sentou dentro, transformou-se numa lindíssima senhorita, o nabo virou carruagem e os seis camundongos cavalos. Aí ele beijou a senhorita, atiçou os cavalos e partiu com ela, para levá-la ao rei.
            Os seus irmãos vieram em seguida, e não tinham feito esforço algum para encontrarem mulheres bonitas, mas levaram as primeiras camponesas que encontraram. Quando o rei as viu, disse logo;
            -Depois da minha morte, o reino ficará para o caçula.
            Mas os mais velhos atordoaram de novo os ouvidos do rei com a sua gritaria: - Não podemos permitir que o bobalhão seja o rei!
            E exigiram que o preferido fosse aquele que cuja mulher conseguisse saltar através de um aro que pendia no salão. Eles pensavam: "As camponesas vão consegui-lo com certeza, elas são fortes e robustas mas a delicada senhorita vai se matar, pulando.
            O velho rei cedeu ainda essa vez. Então as duas camponesas saltaram através do aro, mas eram tão desajeitadas que caíram e quebraram seus grosseiros braços e pernas. Então saltou a linda senhorita que o Bobalhão trouxera, e atravessou o aro leve como uma corça, e então todos os processos tiveram de cessar.
            Assim, o Bobalhão herdou a coroa e reinou por muito tempo com sabedoria.

 (Os contos de Grimm, Trad. Tatiana Belinky. São Paulo, Paulus, 1989, p. 161-3.)
CEREJA, WILLIAM: PORTUGUÊS LINGUAGENS, 6 – 9ª ed. Reform,, São Paulo: Moderna, 2015.

Estudo do texto

Compreensão e interpretação

1.    No início do conto, o narrador apresenta os membros de uma família real e, em seguida, faz a caracterização dessas personagens.

a) Como são caracterizados os filhos mais velhos do rei?
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b) Como é caracterizado o filho mais jovem? Suas características eram semelhantes ou opostas as dos irmãos?

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2.    O rei, já velho e preocupado com o futuro de seu reino, resolve escolher o filho que, após sua morte, seria o herdeiro do trono.

a) O que o rei decide fazer para realizar essa escolha?
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b) Para determinar a direção que cada filho deveria seguir, o que o rei faz? Que intenção ele tem ao adotar esse procedimento?
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3.    Ao descer pelo alçapão ao lado do qual cai a pena que indicava a direção a ser seguida, o Bobalhão adentra a um mundo mágico.

Quando solicita a sapa gorda e recebe dela o tapete de que precisava, o Bobalhão se comporta com delicadeza ou com grosseria? Comprove sua resposta.
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4.    Aos poucos os fatos vão revelados como são, de fato, as personagens.

a) O que as atitudes dos irmãos mais velhos revelam sobre o caráter deles?
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b) O filho mais jovem era realmente um bobalhão, como as pessoas supunham?
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5.    Quem foram os irmãos Grimm?

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O conto maravilhoso



Com base no conto As três penas responda ao que se pede.

O conto maravilhoso geralmente se inicia situando o herói ou a heroína em seu ambiente familiar, no espaço e no tempo, e apresentando suas características.

a) Quem é o herói no conto lido?

b) Quem eram as pessoas da família do herói?

c) Em que local a história se inicia?

d) O tempo em que acontecem os fatos narrados no conto é preciso, determinado, ou impreciso, indeterminado? Justifique sua resposta.


Os contos maravilhosos têm origem oriental, e diferentemente dos contos de fadas, lidam com uma temática social: o herói (ou anti-herói), que é uma pessoa de origem humilde ou que passa por grandes privações, triunfa ao conquistar riqueza e poder. Por exemplo: "Ali Babá e os 40 Ladrões", "Aladim e a Lâmpada Maravilhosa" e "Simbad, o Marujo".

É comum haver personagens como reis, rainhas, princesas, fadas, bruxas, gigantes, príncipes, meninas, animais e objetos falantes, lugares como bosque, montanha encantada e reinos desconhecidos e distantes, assim como objetos e poções mágicas.
Quem conta a história é chamado de narrador.
Quando participa dos fatos e é também personagem, dizemos que ele é narrador-personagem. Nesse caso usa-se a1º pessoa (eu/nós). Quando o narrador não participa da história, ou seja, somente cumpre o papel de contar os fatos que aconteceram sem fazer referência a si mesmo e é apenas um observador, dizemos que ele é narrador-observador. Nesse caso, ele usa a 3ª
pessoa (ele, ela/eles/elas,  o herói, a princesa, as moças etc).
O narrador costuma citar as falas das personagens reproduzindo fielmente o diálogo entre elas. Isso torna o texto mais dinâmico e faz uma melhor interação com o leitor que passa a interagir mais como os fatos e personagens.

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