sábado, 30 de março de 2013

Crônica: características


A palavra crônica é derivada do latim Chronica e do grego Khrónos (tempo), e significado principal que acompanha esse tipo de texto é exatamente o conceito de tempo. A crônica é o relato de um ou mais acontecimentos em um determinado tempo. A quantidade de personagens é reduzida, podendo inclusive não haver personagens. É a narração de um fato do cotidiano das pessoas, algo que naturalmente acontece com muitas pessoas. Esse fato é incrementado com um tom de ironia e bom humor, fazendo com que as pessoas vejam por outra ótica aquilo que parece óbvio demais para ser observado.
Um dos segredos de uma boa crônica é a ótica com que se observam os detalhes, é através disso que vários cronistas podem fazer um texto falando do mesmo fato ou assunto, mas de forma individual e original, pois cada um observa de um ângulo diferente e destaca aspectos diferentes.

Quando a crônica surgiu era um relato de acontecimentos históricos, que eram registrados por ordem cronológica. Podia usar uma visão mais geral ou mais particular, assim como podia destacar fatos mais relevantes ou secundários. A partir de Fernão Lopes, no século XVI, é que a crônica começou a tomar uma perspectiva individual ou interpretativa.

A crônica de teor crítico surgiu junto com a imprensa periódica (folhetins e jornais), no século XIX. Começou com um pequeno texto de abertura que falava de maneira bem geral dos acontecimentos do dia. Depois passou a assumir uma coluna nos folhetins (coluna da primeira página do periódico) e por fim adentrou de vez ao Jornalismo e à Literatura.

A característica mais relevante de uma crônica é o objetivo com que ela é escrita. Seu eixo temático é sempre em torno de uma realidade social, política ou cultural. Essa mesma realidade é avaliada pelo autor da crônica e uma opinião é gerada, quase sempre com um tom de protesto ou de argumentação. Esse tipo de crônica pode ser simplesmente argumentativa, e dispensar o uso da narração. É possível que percam-se assim, elementos típicos do gênero como personagens, tempo, espaço.

Sendo assim podemos identificar duas maneiras de se produzir uma crônica: a primeira é a narrativa, que como já foi dito, conta um fato do cotidiano, utilizando-se de personagens, enredo, espaço, tempo, etc. A outra maneira é a crônica dos textos jornalísticos, é uma forma mais moderna do gênero, e ao contrário da outra não narra e sim disserta, defende ou mostra um ponto de vista diferente do que a maioria enxerga.

As semelhanças entre as duas são justamente o caráter social crítico, abordando sempre uma maneira de enxergar a realidade, e o tom humorístico, irônico ou até mesmo sarcástico. Podem se utilizar, para esse objetivo, de “personagens tipo”, da sociedade que criticam.

Não se pode confundir a crônica com outros gêneros como o conto ou a fábula, estes têm características individuais que os diferenciam daquela.

A crônica conta um fato comum do dia a dia, relatam o cotidiano da vida real das pessoas, enquanto o conto e a fábula contam fatos inusitados ou até fantásticos. Ou seja, distantes da realidade.

http://www.infoescola.com/redacao/cronica-literaria/

sábado, 9 de março de 2013

Diferença entre charge, cartum e tirinha



     

   
QUAL A DIFERENÇA ENTRE CHARGE, CARTUM E QUADRINHOS?

Essas formas de humor são produtos da capacidade que o ser humano tem de poder ver graça nas pessoas e situações. O humor - peculiaridade inerente do Homem - se manifesta por meio de gestos, encenações, olhares, sons e textos. Num momento inspirado ele faz uma crítica de costumes, de moral, de comportamento social, seja cantando, imitando, encenando uma situação que reflete aquilo que viu e/ou sentiu. Claro que às vezes ele distorce e exagera o fato para dar um toque cômico à sua demonstração, com o intuito apenas de obter o riso. Quando consegue isso, fica satisfeito, pois seu objetivo foi alcançado.

Muito hábil, o Homem quando não consegue contar, encenar ou cantar, usa o desenho. Nesse momento surge a caricatura, uma forma que existe desde que ele aprendeu a rabiscar nas cavernas ou seja: um recurso que inventou para manifestar sua imaginação em relação ao mundo que o cercava.

Com o tempo surgiu a charge, o cartum e os quadrinhos. Não é fácil estabelecer uma diferença definitiva entre essas formas de arte. Vamos tentar:

Caricaturar é deformar as características marcantes de uma pessoa, animal, coisa, fato, mantendo-as próximas do original para haver referência na identificação. A caricatura, em geral, pode ser usada como ilustração de uma matéria (fato), mas quando esse "fato" pode ser contado inteiramente numa forma gráfica, é chamado de charge. Portanto, a charge nasceu da caricatura. Isso foi no século XIX, quando o desenhista francês Honoré Daumier criticava implacavelmente o governo da época com seu traço ferino no jornal La Caricature. Ao invés de escrever nomes ou descrever fatos ele ia à carga (charge = ataque) e impunha uma "opinião" traduzindo ou interpretando os fatos em imagens sintéticas que misturavam pessoas (figura social), vestimentas (classe social) e a situação (cenário). Os jornais logo perceberam o potencial da charge para noticiar atacando as áreas: política, esportiva, religiosa, social. O público adorou. A partir daí a charge virou "forma de expressão" passando a ser arte e... arma! A forma gráfica da charge pode ter uma imagem (a mais comum) e também ter uma seqüência de duas ou três cenas ou estar dentro de quadrinhos ou totalmente aberta, com balões ou legendas. Entretanto, essa poderosa arma está ligada aos costumes de uma época e região. Se for transportada para fora desse ambiente, a charge perde o impacto, pois é feita para compreensão imediata daqueles que conhecem os símbolos e costumes usados na referência. Essa é uma limitação da charge, pois torna-a temporal e perecível. Mas tem uma vantagem: dependendo de sua força informativa, pode ocupar o lugar de uma matéria ou artigo. Por isso, hoje, é merecidamente definida como um "artigo assinado".

O cartum veio depois da charge e é diferente. A palavra inglesa "cartoon" significa: cartão, papelão duro, e deu origem ao termo cartunist ou seja: desenhista de cartazes. No Brasil, o cartum também é uma forma de expressar idéias e opiniões, seja uma crítica política, esportiva, religiosa, social. O desenho pode ter uma imagem (isolado), duas ou três (seqüenciado) dentro de quadrinhos ou aberto; pode ter balões, legendas e se beneficiar de temas fixos. Alguns cartuns têm caricatura, mas é muito raro - a não ser quando usado para satirizar figuras históricas conhecidas (Hitler, Napoleão, etc.).

A forma do Cartum é universal, atemporal e não-perecível. Qualquer leitor do mundo ri com o náufrago, o amante dentro do armário, brigas entre anjo e diabo, gato e cachorro, marido e mulher. Os temas: ET's, amor, esportes, família e pesca, são muito explorados. O comportamento geral de políticos, militares e religiosos também, pois não é preciso definir seus países, uma vez que agem de forma igual. Num jornal, o cartum pode até ilustrar uma matéria (ilustração), porém muito raramente ocupará o lugar de um artigo assinado como a ferina e combativa charge.

Claro que a seqüência narrativa do cartum está próxima à dos quadrinhos - principalmente quando se desenrola em várias cenas -, mas isso não o torna quadrinho, pois falta-lhe personagem fixo e elenco. Por outro lado, o cartum pode ser feito com apenas um quadro (cena) e os quadrinhos não (com exceção da tira).

Os quadrinhos têm personagens e elenco fixos, narrativa seqüencial em quadros numa ordem de tempo onde um fato se desenrola através de legendas e balões com texto pertinente à imagem de cada quadrinho. A história pode se desenvolver numa tira, numa página ou em duas ou em várias páginas (revista ou álbum). É óbvio que para uma história ser em quadrinhos ela precisa ter no mínimo dois quadrinhos (ou cenas). A tira diária é uma exceção, pois, às vezes, a história pode ser muito bem contada em 1 só "quadrinho" (o espaço da própria tira), mas isso não a torna um cartum, apesar da proximidade.

Uma História em Quadrinhos é ampla e maleável. Pode ser temporal, atemporal, regional, política, policial, científica, social, erótica, esportiva, esotérica, histórica, infantil, adulta, underground, terror e de humor. Utiliza figuras humanas perfeitas ou destorcidas (caricaturadas), animais humanizados, homens animalizados, bonecos, objetos, etc.

Alguns diretores de cinema, antes de fazer um filme, quadrinizam as ações - como o caso de George Lucas em "Guerra na Estrelas". Por outro lado algumas editoras quadrinizam um filme de sucesso e vendem a história em bancas em forma de revista.

Por Fernando A. Moretti