A narração
consiste em arranjar uma sequência de fatos na qual os personagens se
movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa.
O texto
narrativo é baseado na ação que envolve personagens, tempo, espaço e conflito.
Seus elementos são: narrador, enredo, personagens, espaço e tempo.
Dessa forma,
o texto narrativo apresenta uma determinada estrutura:
Esquematizando
temos:
- Apresentação;
- Complicação ou desenvolvimento;
- Clímax;
- Desfecho.
Extraído de http://www.brasilescola.com/redacao/narracao.htm
Enredo
O enredo ou
trama corresponde à maneira como a história se desenrola, aos “arranjos”
narrativos que cercam as personagens, e às situações que as envolvem. Essa
articulação pode revelar o núcleo temático da matéria narrada, seja ela real ou
ficcional; assim, falamos em enredo cujas temáticas podem ser conflitos
passionais, casos de mistério ou terror, dramas sociais, experiências
existenciais, ficção científica etc. Esse enovelamento de ações a que chamamos
enredo abrange as etapas já explicadas na estrutura narrativa: exposição,
desenvolvimento (complicação – ponto de tensão – e clímax – ponto de maior
tensão) e desfecho.
O texto
narrativo resulta, portanto, de duas articulações: a história (seqüência de
fatos) e o enredo (organização dos fatos). Dessa forma, o enredo é a maneira
como o narrador organiza os dados que a história oferece.
Observe como
na contextualização de Domingo no Parque, de Gilberto Gil, os arranjos formais
– versificação, rima, estrofe e refrão – e a organização dos fatos, articulando
personagens, tempo, espaço e ação, proporcionam dimensão e expressividade a um
episódio que seria, como notícia de jornal, apenas corriqueiro.
Domingo no Parque
(Gilberto Gil)
Exposição:
identificação das personagens
O rei da brincadeira
– ê José
O rei da confusão – ê
João
Um trabalhava na
feira – ê José
Outro na construção –
ê João
Desenvolvimento:
encadeamento de ações
A semana passada, no
fim da semana,
João resolveu não
brigar.
No domingo de tarde
saiu apressado
E não foi pra ribeira
jogar
Capoeira pra lá, pra
ribeira,
Foi namorar.
O José como sempre,
no fim da semana
Guardou a barraca e
sumiu.
Foi fazer, no
domingo, um passeio no parque,
Lá perto da boca do
rio.
Foi no parque que ele
avistou
Juliana,
Foi que ele viu
Juliana na roda com
João,
Uma rosa e um sorvete
na mão.
Juliana, seu sonho,
uma ilusão,
Juliana e o amigo
João.
Complicação: ponto de
tensão
O espinho da rosa
feriu Zé
E o sorvete gelou seu
coração.
O sorvete e a rosa –
ê José
A rosa e o sorvete –
ê José
Oi dançando no peito
– ê José
Do José brincalhão –
ê José
O sorvete e a rosa –
ê José
A rosa e o sorvete –
ê José
Oi girando na mente –
ê José
Do José brincalhão –
ê José
Juliana girando – oi
girando
Oi a roda gigante –
oi girando
Oi na roda gigante –
oi girando
O amigo João – oi
João
O sorvete é morango –
é vermelho
Oi girando e a rosa –
é vermelha
Oi girando, girando –
é vermelha
Clímax: ponto de
maior tensão
Oi girando, girando –
olha a faca
Olha o sangue na mão
– ê José
Juliana no chão – ê
José
Outro caído – ê José
Seu amigo João – ê
José
Desfecho
Amanhã não tem feira
– ê José
Não tem mais
construção – ê João
Não tem mais
brincadeira – ê José
Não tem confusão – ê
João.
Segundo Fred
de Góes (Literatura Comentada), “existe texto se caracteriza por sua construção
cinematográfica em que, após situar as personagens e descrever o cenário onde a
ação se desenrolará, o compositor possa a narrar os fatos, empregando a técnica
de montagem em pequenos flashes. Além de letra e melodia, o compositor junta
ruídos, palavras e gritos sincronizados às cenas descritivas, evocando
realistaticamente um parque de diversões”.
Para que o
enredo tenha unidade, os fatos devem estar inter-relacionados, de tal modo que
uns sejam a conseqüência ou efeito dos outros.