quinta-feira, 31 de maio de 2012

O futebol repete a vida


   Uma partida de futebol é um espetáculo, uma metáfora da vida. Estão presentes a alegria e a tristeza, a glória e o acaso, a razão e a paixão, a ganância e a solidariedade, o invisível e o previsível, o evidente e o contraditório, o real e o simbólico, a ternura e a agressividade e muitas ambivalências que fazem parte da alma humana.
    O futebol está tão próximo da brincadeira e da descontração quanto da disciplina e da seriedade. Garrincha foi barrado antes da Copa de 58 porque era considerado uma criança irresponsável. Ele mostrou que o futebol pode ser brincadeira séria.
   Em qualquer atividade, a base da criatividade está na brincadeira com seriedade. Os craques brincam com a bola; os poetas e todos os artistas brincam com a bola: os poetas e todos os artistas brincam com as palavras, as imagens, os sons. O ideal seria brincar com a vida, com responsabilidade e sem sentimento de culpa.

Tostão .O futebol repete a vida. Folha de São Paulo, 04 de maio de 2003. IN:
http://tinacilia.blogspot.com.br/2010/06/artigo-de-opiniao.html

1-Qual é a tese (ideia) que o texto apresenta?

2-Que estratégia é usada pelo autor em sua argumentação?

3-A que conclusão o autor chega?

O Papel da Televisão na Vida dos Jovens


O Papel da Televisão na Vida dos Jovens

   A televisão tem uma grande influência na formação pessoal e social das crianças e dos jovens. Funciona como um estímulo que condiciona os comportamentos, positiva ou negativamente.
  A televisão difunde programas educativos edificantes, tais como o Zig Zag, os documentários sobre Historia, Ciências, informação sobre a atualidade, divulgação de novos produtos…
   Todavia, a televisão exerce também uma influência negativa, ao exibir modelos, cujas características são inatingíveis pelas crianças e jovens em geral. As suas qualidades físicas são amplificadas, os defeitos esbatidos, criando-se a imagem do herói / heroína perfeitos. Esta construção produz sentimentos de insatisfação do eu consigo mesmo e de menosprezo pelo outro. A violência é outro aspecto negativo da televisão, em geral. As crianças/jovens tendem a imitar os comportamentos violentos dos heróis, o que pode colocar em risco a vida dos mesmos. O mesmo acontece com o visionamento de cenas de sexo. As crianças formam uma imagem destorcida da sua sexualidade, potenciando a prática precoce de sexo e suscitando distúrbios afetivos.
   Em jeito de conclusão, é legítimo que se imponha às emissoras de televisão uma restrição de exibição de material violento ou desajustado à faixa etária nas suas grades de programação, dado que a exposição a estes tipos de conteúdos é extremamente prejudicial no desenvolvimento das crianças e dos jovens, pois, tal como diz o povo, “violência só gera violência”.

esbatido = indeciso
visonamento = ato de ter visões, criar fantasias

http://terceiroano3.wordpress.com/2011/10/26/o-papel-da-televisao-na-vida-dos-jovens/

I – O assunto tratado no texto é:
a) As pessoas não sabem assistir à televisão.
b) A televisão influencia a vida das pessoas
c) Ver televisão é prejudicial.
d) N. d. a.

II – A opinião do autor sobre tal assunto é
a) Há apenas benefícios ao se assistir televisão.
b) Há apenas malefícios ao se assistir televisão.
c)  A televisão faz com que as pessoas possam se comportar bem ou mal.
d) N. d. a.

III – Para o autor, a televisão deve
a) Ter liberdade em sua programação.
b) Sofrer um controle.
c) Ser combatida.
d) Programar melhor sua grade.
e) N. d. a.

IV – Os pontos positivos que a televisão possui
a) Exibe programas recreativos.
b) Exibe programas direcionados à aquisição de novos conhecimentos.
c) Exibe programas inocentes.
d) Exibe programas sobre a natureza.
e) N. d. a.

V- Os argumentos estão nos parágrafos
a) Terceiro e quarto.
b) Primeiro e segundo.
c) Primeiro e terceiro.
d) Segundo e terceiro.
e) Segundo e quarto.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Autodestruição



Há tempos a questão da preservação do meio ambiente entrou no dia-a-dia das discussões do mundo inteiro. O excesso de poluição emitida pelas indústrias e automóveis e a devastação das florestas são as principais causas do efeito estufa e finalmente se tornaram motivo de preocupação. Contudo, até agora, os resultados pró-natureza são insignificantes perto dos prejuízos causados a ela.
Essa diferença tem razões econômicas. Não é simples nem vantajoso uma fábrica que emite grande quantidade de poluentes comprar equipamentos que amenizam tal emissão. O mesmo acontece com automóveis, grandes vilões do ar nas cidades. Segundo reportagens, carros e ônibus velhos poluem quarenta vezes mais do que os novos, e não é por falta de vontade que os donos não os trocam, e sim por falta de dinheiro. Concluímos, então, que o mundo capitalista inviabiliza um acordo com o meio ambiente e, enquanto isso, o planeta adoece.
Outros problemas é a falta de informação e educação ambiental. Muitas pessoas ainda desconhecem os malefícios do efeito estufa, como, por exemplo, o aumento da temperatura e, como conseqüência, a intensificação das secas. Esse desconhecimento somado ao egoísmo e descaso humano trazem-nos uma visão de futuro pessimista. Das poucas pessoas cientes desse problema, muitas não o levam a sério e não tentam mudar suas atitudes buscando uma solução. Enquanto os efeitos dos nossos atos não atingirem proporções mais danosas, permaneceremos acomodados com a situação, deixando para nossas futuras gerações o dever de “consertar” o meio ambiente.
A triste conclusão a que chegamos é a de que a prudência e o bom senso do ser humano não são mais fortes que a sua ambição e egoísmo. Estamos destinados a morrer no planeta que matamos.

(aluna Mariana Yamamoto Martins)

http://www.colegioweb.com.br/portugues/exemplos-de-textos-dissertativos-de-alunos-.html

Por que cabelos e unhas crescem?


Por que cabelos e unhas crescem?

Descubra quais são as células que estão por trás desse fenômeno!
Quase sempre é a mesma rotina. Quando o espelho não nos chama a atenção, é alguém que avisa: "Não vai cortar esses cabelos? E essas unhas? Você está parecendo um urso!" Depois dessa dica, só tem um jeito: correr para o salão ou para o barbeiro. Mas e se a gente nunca cortasse, será que os cabelos e as unhas cresceriam sem parar? 
A resposta é não. Unhas e cabelos crescem até certo ponto. No caso dos cabelos, existem três fases: anágena ou crescimento (que dura de dois a cinco anos), catágena ou interrupção do crescimento (que dura cerca de três semanas) e telógena ou queda (que dura de três a quatro meses). Na fase anágena, os cabelos crescem em torno de um centímetro ao mês. É na telógena que perdemos, diariamente, de 60 a 100 fios. 
Já as unhas crescem continuamente, de 0,5 a um milímetro por semana, podendo atingir grandes tamanhos até se partirem. Mas isso pode variar de pessoa para pessoa, dependendo da nutrição, da presença de doenças, do uso de detergentes ou substâncias irritantes e pela herança familiar. 
Existem células que trabalham para que nossos cabelos cresçam. Elas se fixam em pequenas cavidades localizadas na superfície de toda a pele, exceto nas palmas das mãos e na planta dos pés. Esses buraquinhos são chamados de folículos pilosos, mais conhecidos como poros. Só no couro cabeludo existem de 100 mil a 150 mil poros. Já as células que produzem as unhas localizam-se nas dobras de pele das extremidades dos dedos. 
Cabelos e unhas são formados pela mesma proteína: a queratina. É ela que dá a consistência endurecida tanto aos fios de cabelo quanto às lâminas das unhas. Os pêlos, além de embelezar nossas cabeças, servem, principalmente, para resguardar órgãos, como olhos, ouvidos e narinas, que, por serem abertos, precisam de proteção extra contra a ação do frio, do calor e da luz solar excessiva. Além disso, os pêlos diminuem o atrito nas dobras do corpo e ajudam na sensação do tato. Já as unhas nos auxiliam a agarrar melhor os objetos.


Ciência Hoje das Crianças 136
Elisa Fontenelle, Sociedade Brasileira de Dermatologia
http://cienciahoje.uol.com.br

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Convite


Convite
(José Paulo Paes)

Poesia
É brincar com palavras
Como se brinca
Com bola, papagaio, pião.

Só que
Bola, papagaio, pião
De tanto brincar
Se gastam

As palavras não:
Quanto mais se brinca
Com elas
Mais novas ficam

Como a água do rio
Que é água sempre nova.

Como cada dia
Que é sempre um novo dia

Vamos brincar de poesia?



http://amoalinguaportuguesa.blogspot.com.br/2011/04/convite-jose-paulo-paes-poesia-e.html



quarta-feira, 23 de maio de 2012

Denotação e conotação


1. Observe um trecho da canção “Dois rios”, de Samuel Rosa, Lô Borges e Nando Reis, note a caracterização do sol, ele foi empregado conotativamente ou denotativamente?
Explique em seu caderno digital.

O sol é o pé e a mão
O sol é a mãe e o pai
Dissolve a escuridão

O sol se põe se vai
E após se pôr
O sol renasce no Japão
...
Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção

Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção

http://stesonora.blogspot.com.br/2009/10/denotacao-e-conotacao.html


2. Partindo-se do pressuposto de que a linguagem é expressa por diferentes sentidos em um dado contexto, atribua aos exemplos em questão os códigos mencionados:

( D ) denotação
( C ) conotação  

a -  (   )
Horário de verão começa à meia-noite deste sábado.

Relógios devem ser adiantados em uma hora no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Expectativa é de redução de 5% na demanda de energia no horário de pico.
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/10/horario-de-verao-comeca-meia-noite-deste-sabado.html


b – (     )



c – (   )

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade


 d – (     )

A camada de ozônio, o escudo que protege a vida na Terra dos níveis nocivos de radiação ultravioleta, manteve-se estável na última década, conforme estudo elaborado pela Organização Mundial da Meteorologia (OMM) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), divulgado nesta quinta-feira.
                                                                                                   [...]
                                                           (Fonte: Folha de São Paulo, 16/09/2010)

http://exercicios.brasilescola.com/literatura/exercicios-sobre-denotacao-conotacao.htm

Respostas:

1. A letra foi escrita de modo conotativo, pois expressa palavras que não acontecem realmente.

2.

a - D;
b-  C;
c - C;
d - D.










Questões do texto: Marcas do que se foi


Este ano quero paz
No meu coração
Quem quiser ter um amigo
Que me dê a mão...

O tempo passa e com ele
Caminhamos todos juntos
Sem parar
Nossos passos pelo chão
Vão ficar...

Marcas do que se foi
Sonhos que vamos ter
Como todo dia nasce
Novo em cada amanhecer...(2x)

Este ano quero paz
No meu coração
Quem quiser ter um amigo
Que me dê a mão...

O tempo passa e com ele
Caminhamos todos juntos
Sem parar
Nossos passos pelo chão
Vão ficar...

Marcas do que se foi
Sonhos que vamos ter
Como todo dia nasce
Novo em cada amanhecer...(4x)

Autores: Márcio Moura/ Rui Maurity/ José Jorge/ Tavito/ P.S.Valle/ Ribeiro

1. Assinale a alternativa correta:
O pronome "Este" que aparece no primeiro verso refere-se:
(a)ao ano presente.
(b)ao ano passado.
(c )ao próximo ano.

2. Os pronomes indefinidos "todo" e "cada" são pronomes adjetivos, ou seja, acompanham um nome. Que nomes acompanham?
a) "todo": _____________________.
b) "cada":_____________________.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Os sapinhos verdes linguarudos


OS SAPINHOS VERDES LINGUARUDOS 


Os sapinhos linguarudos 
Nunca foram fofoqueiros, 
Mas seus olhos veem tudo 
Eles comem o dia inteiro. 


Os insetos que aqui passam 
Pelas suas vizinhanças, 
Com línguas compridas traçam, 
Assim enchem suas panças. 


Se você for à lagoa 
E encontrar estes sapinhos, 
Os bichinhos numa boa 
Estarão dando pulinhos. 


São sapinhos tão verdinhos 
De olhos grandes, seguros, 
Comem sempre, os gorduchinhos, 
Nunca vão ficar maduros. 


(Hull de La Fuente)

Responda:

1. "Mas seus olhos veem tudo". O pronome possessivo "seus" referem-se aos olhos, a quem pertence os olhos?

2. "Eles comem o dia inteiro."O pronome pessoal em destaque substitui um nome, qual é?

3. Existe outro pronome possessivo na segunda estrofe do poema. Identifique-o.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Receitas


Receita para se fazer um herói

Tome-se um homem feito de nada
Como nós em tamanho natural
Embeba-se-lhe a carne
Lentamente
De uma certeza aguda, irracional
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois perto do fim
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim
Serve-se morto.

(Reinaldo Ferreira em "Portos de Passagem" - João Wanderley Geraldi, São Paulo: Martins Fontes, 1991)
http://educacao.uol.com.br/portugues/intertextualidade-textos-conversam-entre-si.jhtm


Receita de bolo napolitano

Enviada por: Suzana Souza de Mello

 Ingredientes:
03 ovos (médio) (gemas e claras separadas);
1 1/2 xícaras (chá) de açúcar;
1 1/2 xícaras (chá) de farinha de trigo;
1 1/2 colher (sopa) de amido de milho;
03 colheres (sopa) de margarina;
01 xícara (chá) de leite;
01 colher (sopa) de fermento em pó;
03 colheres (sopa) de chocolate em pó;
01 caixinha de pudim sabor morango;
01 caixinha de pudim sabor baunilha;
01 barra de chocolate meio amargo (170 g);
01 caixinha de creme de leite.


Preparo:
1. Bata as claras em neve e reserve.
2. Em uma tigela coloca as gemas, a margarina e o açúcar, bata na batedeira, até ficar um creme claro e fofo.
3. Adicione a esta mistura a farinha, o amido de milho e o fermento peneirados juntos.
4. Junte o leite e bata até ficar uma massa homogênea, tire da batedeira e junte as claras em neve delicadamente.
5. Separe a massa em 3 partes iguais.
6. A cada parte separada, em uma junte o chocolate em pó, em outra o pudim de morango.
7. Na outra o pudim de baunilha, misture bem e asse cada mistura em formas separadas.
8. Irá ficar uma massa de cada cor.

Montagem:

1. Aqueça o creme de leite, depois junte o chocolate picado e misture bem, até derreter todo o chocolate, formando assim uma ganache.
2. Em uma forma de bolo inglês, coloque no fundo da forma a massa de baunilha, passar uma camada fina do ganache, coloque em cima desta massa, a massa de chocolate, passe outra camada de ganache, por cima desta, a massa de morango.
3. Cubra com papel filme.
4. Leve à geladeira e deixe por cerca de 4 horas
5. Depois desenforme e cubra o bolo com o restante do ganache.

http://www.iserv.com.br/culinaria/Bolo_napolitano_1739.asp


Na casa dos pronomes


VI
Na Casa dos Pronomes

—  Chega de Adjetivos — gritou a menina. — Eu não sei por quê,  tenho grande simpatia pelos PRONOMES, e queria visitá-los já.

—  Muito fácil — respondeu o rinoceronte. — Eles moram naquelas casinhas aqui defronte. A primeira, e menor, é a dos Pronomes PESSOAIS.
—  Ela é tão pequena. . . — admirou-se Emília.
—  Eles são só um punhadinho, e vivem lá como em república de estudantes.
E todos se dirigiram para a casa dos Pronomes Pessoais enquanto Quindim ia explicando que os Pronomes são  palavras que também não possuem pernas e só se movimentam amarradas aos VERBOS.
Emília bateu na porta — toque, toque, toque.          
Veio abrir o Pronome Eu.
—  Entrem, não façam cerimônia.                            
Narizinho fez as apresentações.                                    
—  Tenho muito gosto em conhecê-los — disse amavelmente o Pronome Eu. — Aqui na nossa cidade o assunto do dia é justamente a presença dos meninos e deste famoso gramático africano. Vão entrando. Nada de cerimônias.
E em seguida:
—  Pois é isso, meus caros. Nesta república vivemos a nossa vidinha, que é bem importante. Sem nós os homens não conseguiriam entender-se na terra.
—  Todas as outras palavras dizem o mesmo — lembrou Emília.
—  E nenhuma está exagerando — advertiu o Pronome Eu. — Todas somos por igual importantes, porque somos por igual indispensáveis à expressão do pensamento dos homens.
—  E os seus companheiros, os outros Pronomes Pessoais? —  perguntou Emília.
—  Estão lá dentro, jantando.
À mesa do refeitório achavam-se os Pronomes Tu, Ele, Nós, Vós, Eles, Ela e Elas. Esses figurões eram servidos pelos Pronomes OBLÍQUOS,que tinham o pescoço torto e lembravam corcundinhas. Os meninos viram lá o Me, o Mim, o Migo, o Nos, o Nosco, o Te, o Ti, o Tigo, o Vos, o Vosco,  o  O, o A, o Lhe,  o  Se,  o  Si  e o  Sigo  — dezesseis Pronomes Oblíquos.
—  Sim senhor! Que luxo de criadagem! — admirou-se Emília. — Cada Pronome tem a seu serviço vários criadinhos oblíquos. . .
—  E ainda há outros serviçais, os Pronomes de  TRATAMENTO — disse Eu. — Lá no quintal estão tomando sol os Pronomes  Fulano, Sicrano, Você, Vossa Senhoria, Vossa Excelência, Vossa Majestade  e outros.
—  E para que servem os Senhores Pronomes Pessoais?—  perguntou a menina.
—  Nós — respondeu Eu — servimos para substituir os Nomes das pessoas. Quando a Senhorita Narizinho diz Tu, referindo-se aqui a esta senhora boneca, está substituindo o Nome Emília pelo Pronome Tu.
Os meninos notaram um fato muito interessante — a rivalidade entre o Tu e o Você. O Pronome Você havia entrado do quintal e sentara-se à mesa com toda a brutalidade, empurrando o pobre Pronome Tu do lugarzinho onde ele se achava. Via-se que era um Pronome muito mais moço que Tu, e bastante cheio de si. Tinha ares de dono da casa.
—  Que há entre aqueles dois? — perguntou Narizinho. — Parece que são inimigos. . .
—  Sim — explicou o Pronome Eu. — O meu velho irmão Tu anda muito aborrecido porque o tal Você apareceu e anda a atropelá-lo para lhe tomar o lugar.
—  Apareceu como? Donde veio?
—  Veio vindo. . . No começo havia o tratamento Vossa Mercê, dado aos reis unicamente. Depois passou a ser dado aos fidalgos e foi mudando de forma. Ficou uns tempos  Vossemecê  e depois passou a Vosmecê e finalmente como está hoje — Você, entrando a ser aplicado em vez do Tu, no tratamento familiar ou caseiro. No andar em que vai, creio que acabará expulsando o Tu para o bairro das palavras arcaicas, porque já no Brasil muito pouca gente emprega o Tu. Na língua inglesa aconteceu uma coisa assim. O Tu lá se chamava Thou e foi vencido pelo You,  que é uma espécie de Você empregada para todo mundo, seja grande ou pequeno, pobre ou rico, rei ou vagabundo.
—  Estou vendo — disse a menina, que não tirava os olhos de Você. — Ele é moço e petulante, ao passo que o pobre Tu parece estar sofrendo de reumatismo. Veja que cara triste o coitado tem. . .
—  Pois o tal Tu — disse Emília — o que deve fazer  é ir arrumando a trouxa e pondo-se ao fresco. Nós lá no sítio conversamos o dia inteiro e nunca temos ocasião de empregar um só Tu, salvo na palavra Tatu. Para nós o Tu já está velho coroca.
E mudando de assunto:
—  Diga-me uma coisa, Senhor Eu. Está contente com  a sua vidinha?
—  Muito — respondeu Eu. — Como os homens são criaturas sumamente egoístas, eu tenho vida regalada, porque  represento  todosos homens e todas  as mulheres que existem, sendo pois tratado dum modo especial. Creio que não há palavra mais usada no mundo inteiro do que Eu. Quando uma criatura humana diz Eu, baba-se de gosto porque está falando de si própria.
—  E fora os Pronomes Pessoais não há outros?
—  Há sim — disse Eu —, moram aqui na casa ao lado. Uns pobres coitados. ..
Os meninos despediram-se do Pronome Eu para irem visitar os "coitados" da outra casa, muito admirados da petulância e orgulho daquele pronominho tão curto.
—  Parece que tem o presidente da República na barriga — comentou a boneca.
E parecia mesmo. . .
Na outra casa os meninos encontraram os Pronomes POSSESSIVOS — Meu, Teu, Seu, Nosso, Vosso e Seus  com as respectivas esposas e com os plurais. Emília, que achava as palavras Meu e Minha as mais gostosas de quantas existem, agarrou o casalzinho e deu um beijo no nariz de cada uma, dizendo:
—  Meus amores!
Depois encontraram os Pronomes DEMONSTRATIVOS — Este, Esse, Aquele, Mesmo, Próprio, Tal,  etc, com as suas respectivas esposas e parentes. As esposas eram Esta, Essa, Aquela, Mesma, Própria, etc, e os parentes eram Essoutro, Estoutro, Aqueloutro, etc.
—  Muito bem — disse Narizinho. — Vamos adiante. Vejo alguns senhores muito conhecidos.
De fato, mais adiante os meninos encontraram os Pronomes INDEFINIDOS, muito familiares a todos do bandinho. Eram eles:  Algum, Nenhum, Outro, Todo, Tanto, Pouco, Muito, Menos, Qualquer, Certo, Vários, etc, com as suas respectivas formas femininas e os competentes plurais.
—  São umas palavrinhas muito boas, que a gente emprega a toda a hora — comentou Emília, sem entretanto beijar o nariz de nenhuma.
Havia ainda os Pronomes  RELATIVOS, quê servem para indicar uma coisa que está para trás. Eram eles:  Que, Quem, O Qual, Cujo, Onde,  etc, com as suas respectivas esposas e plurais. Quindim exemplificou:
—  O Visconde, cuja cartolinha sumiu, está danado. Nesta frase, o Pronome Cuja refere-se a uma coisa que ficou para trás. De fato, o Visconde havia perdido a sua cartolinha na aventura com as Palavras Obscenas. Deixara-a para trás.
—  Continue, Quindim — pediu Emília, e o rinoceronte continuou.
—  Temos, por fim, os Pronomes  INTERROGATIVOS, que servem para fazer perguntas. Todos usam um Ponto de Interrogação no fim, para que a gente veja que são perguntativos.
E os meninos viram lá os Interrogativos:  Quê? Qual? Quanto? Quem?
Emília gostou de conhecer aqueles Pronomes. Ela era a boneca que mais trabalho dava aos Senhores Pronomes Interrogativos.

http://www.miniweb.com.br/cantinho/infantil/38/Estorias_miniweb/lobato/Emilia_No_Pais_Da_Gramatica.pdf

Vossa Mercê


VI
Na Casa dos Pronomes

(...)

No começo havia o tratamento Vossa Mercê,  dado aos reis unicamente. Depois passou a ser dado aos fidalgos e foi  mudando de forma. Ficou uns tempos  Vossemecê  e depois passou a Vosmecê e finalmente como está hoje — Você, entrando a ser aplicado em vez do Tu, no tratamento familiar ou caseiro. No andar em que vai, creio que acabará expulsando o Tu para o bairro das palavras arcaicas, porque já no Brasil muito pouca gente emprega o Tu. Na língua inglesa aconteceu uma coisa assim. O Tu lá se chamava Thou e foi vencido pelo You,  que é uma espécie de Você empregada para todo mundo, seja grande ou pequeno, pobre ou rico, rei ou vagabundo.
—  Estou vendo — disse a menina, que não tirava os olhos de Você. — Ele é moço e petulante, ao passo que o pobre Tu parece estar sofrendo de reumatismo. Veja que cara triste o coitado tem. . . 

(...)

Trecho da obra Emília no país da Gramática de Monteiro Lobato.

http://www.miniweb.com.br/cantinho/infantil/38/Estorias_miniweb/lobato/Emilia_No_Pais_Da_Gramatica.pdf

Explique em seu caderno digital a origem do pronome de tratamento "você", conforme o trecho acima escrito por Monteiro Lobato.