quarta-feira, 25 de abril de 2012

O colocador de pronomes


Aldrovando Cantagalo veio ao mundo em virtude dum erro de gramática.

Durante sessenta anos de vida terrena pererecou como um peru em cima da gramática.

E morreu, afinal, vítima dum novo erro de gramática.

Martir da gramática, fique este documento da sua vida como pedra angular para uma futura e bem merecida canonização,

Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense” , com bastante sucesso.

Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.

Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.

Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostosura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores – o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dia de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o

Acorda, donzela…

Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.

Aqui se estrepou…


Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:

Anjo adorado!

Amo-lhe!

Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto – para umas certidõesinhas, explicou.

Apesar disso o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.

Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:

- A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca – nunca, ouviu? – que contra ela se cometa o menor deslize.

Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o

- É sua esta peça de flagrante delito?

O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.

- Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar… Pois agora…

O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.

- … é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.

O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:

- Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!…

Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.

- Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha!

E voltando-se para dentro, gritou:
- Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo!

O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.

- Laurinha, quer o coronel dizer…

O velho fechou de novo a carranca.

- Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-”lhe”. Se amasse a ela deveria dezer amo-”te”. Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher…

- Oh, coronel…

- … ou a preta Luzia, cozinheira. Escolha!

O escrevente, vencido, derrubou a cabeça com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu a boa lição da gramática matrimonial.

- Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa – quem fala, e neste caso vassuncê; da Segunda pessoa – a quem fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa – de quem se fala, e neste caso do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha!

Não havia fuga possível.

O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental. Viu também sobre a secretária uma garrucha com espoleta nova ao alcance do maquiavélico pai, submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatralmente:

- Deus vos abençoe, meus filhos!

No mês seguinte, e onze meses depois vagia nas mãos da parteira o futuro professor Aldrovando, o conspícuo sabedor de língua que durante cinqüenta anos a fio coçaria na gramática a sua incurável sarna filológica.

Até aos dez anos não revelou Aldrovando pinta nenhuma. Menino vulgar, tossiu a coqueluche em tempo próprio, teve o sarampo da praxe, mas a cachumba e a catapora. Mais tarde, no colégio, enquanto os outros enchiam as horas de estudo com invenções de matar o tempo – empalamento de moscas e moidelas das respectivas cabecinhas entre duas folhas de papel, coisa de ver o desenho que saía – Aldrovando apalpava com erótica emoção a gramática de Augusto Freire da Silva. Era o latejar do furúnculo filológico que o determinaria na vida, para matá-lo, afinal…

Deixêmo-lo, porém, evoluir e tomêmo-lo quando nos serve, aos 40 anos, já a descer o morro, arcado ao peso da ciência e combalido de rins. Lá está ele em seu gabinete de trabalho, fossando à luza dum lampião os pronomes de Filinto Elísio. Corcovado, magro, seco, óculos de latão no nariz, careca, celibatário impenitente, dez horas de aulas por dia, duzentos mil réis por mês e o rim volta e meia a fazer-se lembrado.

Já leu tudo. Sua vida foi sempre o mesmo poento idílio com as veneráveis costaneiras onde cabeceiam os clássicos lusitanos. Versou-os um por um com mão diurna e noturna. Sabe-os de cór, conhece-os pela morrinha, distingue pelo faro uma séca de Lucena duma esfalfa de Rodrigues Lobo. Digeriu todas as patranhas de Fernão Mendes Pinto. Obstruiu-se da broa encruada de Fr. Pantaleão do Aveiro. Na idade em que os rapazes correm atrás das raparigas, Aldrovando escabichava belchiores na pista dos mais esquecidos mestres da boa arte de maçar. Nunca dormiu entre braços de mulher. A mulher e o amor – mundo, diabo e carne eram para ele os alfarrábios freiráticos do quinhentismo, em cuja soporosa verborréia espapaçava os instintos lerdos, como porco em lameiro.

Em certa época viveu três anos acampado em Vieria. Depois vagabundeou, como um Robinson, pelas florestas de Bernardes.

Aldrovando nada sabia do mundo atual. Desprezava a natureza, negava o presente. Passarinho conhecia um só: o rouxinol de Bernadim Ribeiro. E se acaso o sabiá de Gonçalves Dias vinha citar “pomos de Hesperides” na laranjeira do seu quintal, Aldrovando esfogueteava-o com apostrofes:

- Salta fora, regionalismo de má sonância!

A língua lusa era-lhe um tabu sagrado que atingira a perfeição com Fr. Luiz de Sousa, e daí para cá, salvo lucilações esporádicas, vinha chafurdando no ingranzéu barbaresco.

- A ingresia d’hoje, declamava ele, está para a Língua, como o cadáver em putrefação está para o corpo vivo.

E suspirava, condoído dos nossos destinos:

- Povo sem língua!… Não me sorri o futuro de Vera-Cruz…

E não lhe objetassem que a língua é organismo vivo e que a temos a evoluir na boca do povo.

- Língua? Chama você língua à garabulha bordalenga que estampam periódicos? Cá está um desses galicígrafos. Deletreemo-lo ao acaso.

E, baixando as cangalhas, lia:

- Teve lugar ontem… É língua esta espurcícia negral? Ó meu seráfico Frei Luiz, como te conspurcam o divino idioma estes sarrafaçais da moxinifada!

- … no Trianon… Por que, Trianon? Por que este perene barbarizar com alienígenos arrevesos? Tão bem ficava – a Benfica, ou, se querem neologismo de bom cunho o Logratório…Tarelos é que são, tarelos!

E suspirava deveras compungido.

- Inútil prosseguir. A folha inteira cacografa-se por este teor. Aí! Onde param os boas letras d’antanho? Fez-se peru o níveo cisne. Ninguém atende à lei suma – Horácio! Impera o desprimor, e o mau gosto vige como suprema regra. A gálica intrujice é maré sem vazante. Quando penetro num livreiro o coração se me confrange ante o pélago de óperas barbarescas que nos vertem cá mercadores de má morte. E é de notar, outrossim, que a elas se vão as preferências do vulgacho. Muito não faz que vi com estes olhos um gentil mancebo preferir uma sordície de Oitavo Mirbelo, Canhenho duma dama de servir, (1) creio, à… advinhe ao que, amigo? A Carta de Guia do meu divino Francisco Manoel!…

- Mas a evolução…

- Basta. Conheço às sobejas a escolástica da época, a “evolução” darwinica, os vocábulos macacos – pitecofonemas que “evolveram”, perderam o pelo e se vestem hoje à moda de França, com vidro no olho. Por amor a Frei Luiz, que ali daquela costaneira escandalizado nos ouve, não remanche o amigo na esquipática sesquipedalice.

Um biógrafo ao molde clássico separaria a vida de Aldrovando em duas fases distingas: a estática, em que apenas acumulou ciência, e a dinâmica, em que, transfeito em apóstolo, veio a campo com todas as armas para contrabater o monstro da corrupção.

Abriu campanha com memorável ofício ao congresso, pedindo leis repressivas contra os ácaros do idioma.

- “Leis, senhores, leis de Dracão, que diques sejam, e fossados, e alcaçares de granito prepostos à defensão do idioma. Mister sendo, a forca se restaure, que mais o baraço merece quem conspurca o sacro patrimônio da sã vernaculidade, que quem ao semelhante a vida tira. Vêde, senhores, os pronomes, em que lazeira jazem…

Os pronomes, aí! Eram a tortura permanente do professor Aldrovando. Doía-lhe como punhalada vê-los por aí pré ou pospostos contra-regras elementares do dizer castiço. E sua representação alargou-se nesse pormenor, flagelante, concitando os pais da pátria à criação dum Santo Ofício gramatical.

Os ignaros congressistas, porém, riram-se da memória, e grandemente piaram sobre Aldrovando as mais cruéis chalaças.

- Quer que instituamos patíbulo para os maus colocadores de pronomes! Isto seria auto-condenar-nos à morte! Tinha graça!

Também lhe foi à pele a imprensa, com pilhérias soezes. E depois, o público. Ninguém alcançara a nobreza do seu gesto, e Aldrovando, com a mortificação n’alma, teve que mudar de rumo. Planeou recorrer ao púlpito dos jornais. Para isso mister foi, antes de nada, vencer o seu velho engulho pelos “galicígrafos de papel e graxa”. Transigiu e, breve, desses “pulmões da pública opinião” apostrofou o país com o verbo tonante de Ezequiel. Encheu colunas e colunas de objurgatórias ultra violentas, escritas no mais estreme vernáculo.

Mas não foi entendido. Raro leitor metia os dentes naqueles intermináveis períodos engrenados à moda de Lucena; e ao cabo da aspérrima campanha viu que pregara em pleno deserto. Leram-no apenas a meia dúzia de Aldrovandos que vegetam sempre em toda parte, como notas rezinguentas da sinfonia universal.

A massa dos leitores, entretanto, essa permaneceu alheia aos flamívomos pelouros da sua colubrina sem raia. E por fim os “periódicos” fecharam-lhe a porta no nariz, alegando falta de espaço e coisas.

- Espaço não há para as sãs idéias, objurgou o enxotado, mas sobeja, e pressuroso, para quanto recende à podriqueira!… Gomorra! Sodoma! Fogos do céu virão um dia alimpar-vos a gafa!… exclamou, profético, sacudindo à soleira da redação o pó das cambaias botinas de elástico.

Tentou em seguida ação mais direta, abrindo consultório gramatical.

- Têm-nos os físicos (queria dizer médicos), os doutores em leis, os charlatãs de toda espécie. Abra-se um para a medicação da grande enferma, a língua. Gratuito, já se vê, que me não move amor de bens terrenos.

Falhou a nova tentativa. Apenas moscas vagabundas vinham esvoejar na salinha modesta do apóstolo. Criatura humana nem uma só lá apareceu afim de remendar-se filologicamente.

Ele, todavia, não esmoreceu.

- Experimentemos processo outro, mais suasório.

E anunciou a montagem da “Agência de Colocação de Pronômes e Reparos Estilísticos”.

Quem tivesse um autógrafo a rever, um memorial a expungir de cincas, um calhamaço a compor-se com os “afeites” do lídimo vernáculo, fosse lá que, sem remuneração nenhuma, nele se faria obra limpa e escorreita.

Era boa a idéia, e logo vieram os primeiros originais necessitados de ortopedia, sonetos a consertar pés de verso, ofícios ao governo pedindo concessões, cartas de amor.

Tais, porém, eram as reformas que nos doentes operava Aldrovando, que os autores não mais reconheciam suas próprias obras. Um dos clientes chegou a reclamar.

- Professor, v. s. enganou-se. Pedi limpa de enxada nos pronomes, mas não que me traduzisse a memória em latim…

Aldrovando empertigou-se.

- Pois, amigo, errou de porta. Seu caso é alí com o alveitar da esquina.

Pouco durou a Agência, morta à míngua de clientes. Teimava o povo em permanecer empapado no chafurdeiro da corrupção…

O rosário de insucessos, entretanto, em vez de desalentar exasperava o apóstolo.

- Hei-de influir na minha época. Aos tarelos hei de vencer. Fogem-me à férula os maráus de pau e corda? Ir-lhes-ei empós, fila-los-eis pela gorja… Salta rumor!

E foi-lhes “empós”, Andou pelas ruas examinando dísticos e tabuletas com vícios de língua. Descoberta a “asnidade”, ia ter com o proprietário, contra ele desfechando os melhores argumentos catequistas.

Foi assim com o ferreiro da esquina, em cujo portão de tenda uma tabuleta – “Ferra-se cavalos” – escoicinhava a santa gramática.

- Amigo, disse-lhe pachorrentamente Aldrovando, natural a mim me parece que erre, alarve que és. Se erram paredros, nesta época de ouro da corrupção…

O ferreiro pôs de lado o malho e entreabriu a boca.

- Mas da boa sombra do teu focinho espero, continuou o apóstolo, que ouvidos me darás. Naquela tábua um dislate existe que seriamente à língua lusa ofende. Venho pedir-te, em nome do asseio gramatical, que o expunjas.

- ? ? ?

- Que reformes a tabuleta, digo.

- Reformar a tabuleta? Uma tabuleta nova, com a licença paga? Estará acaso rachada?

- Fisicamente, não. A racha é na sintaxe. Fogem ali os dizeres à sã gramaticalidade.

O honesto ferreiro não entendia nada de nada.

- Macacos me lambam se estou entendendo o que v. s. diz…

- Digo que está a forma verbal com eiva grave. O “ferra-se” tem que cair no plural, pois que a forma é passiva e o sujeito é “cavalos”.

O ferreiro abriu o resto da boca.

- O sujeito sendo “cavalos”, continuou o mestre, a forma verbal é “ferram-se” – “ferram-se cavalos!”

- Ahn! Respondeu o ferreiro, começo agora a compreender. Diz v. s. que …

- … que “ferra-se cavalos” é um solecismo horrendo e o certo é “ferram-se cavalos”.

- V. S. me perdoe, mas o sujeito que ferra os cavalos sou eu, e eu não sou plural. Aquele “se” da tabuleta refere-se cá a este seu criado. É como quem diz: Serafim ferra cavalos – Ferra Serafim cavalos. Para economizar tinta e tábua abreviaram o meu nome, e ficou como está: Ferra Se (rafim) cavalos. Isto me explicou o pintor, e entendi-o muito bem.

Aldrovando ergueu os olhos para o céu e suspirou.

- Ferras cavalos e bem merecias que te fizessem eles o mesmo!… Mas não discutamos. Ofereço-te dez mil réis pela admissão dum “m” ali…

- Se V. S. paga…

Bem empregado dinheiro! A tabuleta surgiu no dia seguinte dessolecismada, perfeitamente de acordo com as boas regras da gramática. Era a primeira vitória obtida e todas as tardes Aldrovando passava por lá para gozar-se dela

Por mal seu, porém, não durou muito o regalo. Coincidindo a entronização do “m” com maus negócios na oficina, o supersticioso ferreiro atribuiu a macaca à alteração dos dizeres e lá raspou o “m” do professor.

A cara que Aldrovando fez quando no passeio desse dia deu com a vitória borrada! Entrou furioso pela oficina a dentro, e mascava uma apóstrofe de fulminar quando o ferreiro, às brutas, lhe barrou o passo.

- Chega de caraminholas, ó barata tonta! Quem manda aqui, no serviço e na língua, sou eu. E é ir andando antes que eu o ferre com bom par de ferros ingleses!

O mártir da língua meteu a gramática entre as pernas e moscou-se.

- “Sancta simplicitas!” ouviram-no murmurar na rua, de rumo à casa, em busca das consolações seráficas de Fr. Heitor Pinto. Chegado que foi ao gabinete de trabalho, caiu de borco sobre as costaneiras venerandas e não mais conteve as lágrimas, chorou…

O mundo estava perdido e os homens, sobre maus, eram impenitentes. Não havia desviá-los do ruim caminho, e ele, já velho, com o rim a rezingar, não se sentia com forças para a continuação da guerra.

- Não hei-de acabar, porém, antes de dar a prelo um grande livro onde compendie a muita ciência que hei acumulado.

E Aldrovando empreendeu a realização de um vastíssimo programa de estudos filológicos. Encabeçaria a série um tratado sobre a colocação dos pronomes, ponto onde mais claudicava a gente de Gomorra.

Fê-lo, e foi feliz nesse período de vida em que, alheio ao mundo, todo se entregou, dia e noite, à obra magnífica. Saiu trabuco volumoso, que daria três tomos de 500 páginas cada um, corpo miúdo. Que proventos não adviriam dali para a lusitanidade. Todos os casos resolvidos para sempre, todos os homens de boa vontade salvos da gafaria! O ponto fraco do brasileiro falar resolvido de vez! Maravilhosa coisa…

Pronto o primeiro tomo – Do pronome Se – anunciou a obra pelos jornais, ficando à espera das chusmas de editores que viriam disputá-la à sua porta. E por uns dias o apóstolo sonhou as delícias da estrondosa vitória literária, acrescida de gordos proventos pecuniários.

Calculava em oitenta contos o valor dos direitos autorais, que, generoso que era, cederia por cinqüenta. E cinqüenta contos para um velho celibatário como ele, sem família nem vícios, tinha a significação duma grande fortuna. Empatados em empréstimos hipotecários sempre eram seus quinhentos mil réis por mês de renda, a pingarem pelo resto da vida na gavetinha onde, até então, nunca entrara pelega maior de duzentos. Servia, servia!… E Aldrovando, contente, esfregava as mãos de ouvido alerta, preparando frases para receber o editor que vinha vindo…

Que vinha vindo mas não veio, aí!… As semanas se passaram sem que nenhum representante dessa miserável fauna de judeus surgisse a chatinar o maravilhoso livro.

- Não me vêm a mim? Salta rumor! Pois me vou a eles!

E saiu em via sacra, a correr todos os editores da cidade.

Má gente! Nenhum lhe quis o livro sob condições nenhumas. Torciam o nariz, dizendo “Não é vendável”; ou: “Porque não faz antes uma cartilha infantil aprovada pelo governo?

Aldrovando, com a morte n’alma e o rim dia a dia mais derrancado, retesou-se nas últimas resistências.

- Fá-la-ei imprimir à minha custa! Ah, amigos! Aceito o cartel. Sei pelejar com todas as armas e irei até ao fim. Bofé!

Para lugar era mister dinheiro e bem pouco do vilíssimo metal possuía na arca o alquebrado Aldrovando. Não importa! Faria dinheiro, venderia móveis, imitaria Bernardo de Pallissy, não morreria sem ter o gosto de acaçapar Gomorra sob o peso da sua ciência impressa. Editaria ele mesmo um por um todos os volumes da obra salvadora.

Disse e fez.

Passou esse período de vida alternando revisão de provas com padecimentos renais. Venceu. O livro compôs-se, magnificamente revisto, primoroso na linguagem como não existia igual.

Dedicou-o a Fr. Luz de Souza:

À memória daquele que me sabe as dores,

O Autor.

Mas não quis o destino que o já trêmulo Aldrovando colhesse os frutos de sua obra. Filho dum pronome impróprio, a má colocação doutro pronome lhe cortaria o fio da vida.

Muito corretamente havia ele escrito na dedicatória: …daquele que me sabe… e nem poderia escrever doutro modo um tão conspícuo colocador de pronomes. Maus fados intervieram, porém – até os fados conspiram contra a língua! – e por artimanha do diabo que os rege empastelou-se na oficina esta frase. Vai o tipógrafo e recompõe-na a seu modo …d’aquele que sabe-me as dores… E assim saiu nos milheiros de cópias da avultada edição.

Mas não antecipemos.

Pronta a obra e paga, ia Aldrovando recebê-la, enfim. Que glória! Construíra, finalmente, o pedestal da sua própria imortalidade, ao lado direito dos sumos cultores da língua.

A grande idéia do livro, exposta no capítulo VI – Do método automático de bem colocar os pronomes – engenhosa aplicação duma regra mirífica por meio da qual até os burros de carroça poderiam zurrar com gramática, operaria como o “914″ da sintaxe, limpando-a da avariose produzida pelo espiroqueta da pronominuria.

A excelência dessa regra estava em possuir equivalentes químicos de uso na farmacopéia alopata, de modo que a um bom laboratório fácil lhe seria reduzí-la a ampolas para injeções hipodérmicas, ou a pílulas, pós ou poções para uso interno.

E quem se injetasse ou engolisse uma pílula do futuro PRONOMINOL CANTAGALO, curar-se-ia para sempre do vício, colocando os pronomes instintivamente bem, tanto no falar como no escrever. Para algum caso de pronomorreia agudo, evidentemente incurável, haveria o recurso do PRONOMINOL Nº 2, onde entrava a estriquinina em dose suficiente para libertar o mundo do infame sujeito.

Que glória! Aldrovando prelibava essas delícias todas quando lhe entrou casa a dentro a primeira carroçada de livros. Dois brutamontes de mangas arregaçadas empilharam-nos pelos cantos, em rumas que lá se iam; e concluso o serviço um deles pediu:

- Me dá um mata-bicho, patrão!

Aldrovando severizou o semblante ao ouvir aquele “Me” tão fora dos mancais, e tomando um exemplo da obra ofertou-a ao “doente”.

- Toma lá. O mau bicho que tens no sangue morrerá asinha às mãos deste vermífugo. Recomendo-te a leitura do capítulo sexto.

O carroceiro não se fez rogar; saiu com o livro, dizendo ao companheiro:

- Isto no “sebo” sempre renderá cinco tostões. Já serve!

Mal se sumiram, Aldrovando abancou-se à velha mesinha de trabalho e deu começo à tarefa de lançar dedicatórias num certo número de exemplares destinados à crítica. Abriu o primeiro, e estava já a escrever o nome de Rui Barbosa quando seus olhos deram com a horrenda cinca:

“daquele QUE SABE-ME as dores”.

- Deus do céu! Será possível?

Era possível. Era fato. Naquele, como em todos os exemplares da edição, lá estava, no hediondo relevo da dedicatória a Fr. Luiz de Souza, o horripilantíssimo

- “que sabe-me”…

Aldrovando não murmurou palavra. De olhos muito abertos, no rosto uma estranha marca de dor – dor gramatical inda não descrita nos livros de patologia – permaneceu imóvel uns momentos.

Depois empalideceu. Levou as mãos ao abdômen e estorceu-se nas garras de repentina e violentíssima ânsia.

Ergueu os olhos para Frei Luiz de Souza e murmurou:

- Luiz! Luiz! Lamma Sabachtani?!

E morreu.

De que não sabemos – nem importa ao caso. O que importa é proclamarmos aos quatro ventos que com Aldrovando morreu o primeiro santo da gramática, o mártir número um da Colocação dos Pronomes.

Paz à sua alma.

1920
http://pt.scribd.com/doc/24279423/LOBATO-MONTEIRO-O-Colocador-de-Pronomes














sexta-feira, 20 de abril de 2012

Pronomes relativos


Pronome relativo é uma classe de pronomes que substituem um termo da oração anterior e estabelecem relação entre duas orações.

Não conhecemos o aluno. O aluno saiu.

Não conhecemos o aluno que saiu.

Como se pode perceber, o que, nessa frase está substituindo o termo aluno e está relacionando a segunda oração com a primeira.

Os pronomes relativos são os seguintes:


Variáveis

O qual, a qual
Os quais, as quais
Cujo, cuja
Cujos, cujas
Quanto, quanta
Quantos, quantas

Invariáveis

Que (quando equivale a o qual e flexões)
Quem (quando equivale a o qual e flexões)
Onde (quando equivale a no qual e flexões)

http://www.brasilescola.com/gramatica/pronome-relativo.htm



Exercícios



Partindo-se do pressuposto de que o pronome relativo deve ser antecedido de preposição quando o verbo da 2ª oração a exige, analise o exemplo em evidência e em seguida responda ao que se pede:

O conselho é necessário. Preciso do conselho.
Unindo-as, obteríamos:
O conselho de que preciso é necessário.  




Com base no mesmo, una as orações a seguir utilizando-se dos pronomes relativos que, quem, o qual, a qual ou onde:

a – Moro em uma capital. A capital é linda.
b – Quero estudar neste colégio. Gosto muito deste colégio.
c – Frequentamos aquele cinema. Gostamos muito daquele cinema. 
d – Assisti à peça teatral. A peça teatral é magnífica.
e – Bebi o café. Eu mesmo preparei o café.


Gabarito



a – A capital em que moro é linda.
b – Quero estudar neste colégio do qual gosto muito.
c – Frequentamos aquele cinema do qual gostamos muito.
d – A peça teatral a que assistimos é magnífica.
e – Bebi o café que eu mesmo preparei.


http://exercicios.brasilescola.com/gramatica/exercicios-sobre-pronome-relativo.htm








quinta-feira, 19 de abril de 2012

Pronomes indefinidos e pronomes interrogativos


Os pronomes indefinidos referem-se à terceira pessoa do discurso de forma vaga, imprecisa e genérica.

Alguém deixou a torneira aberta.

                                         Pronomes Indefinidos

Variáveis                                                                         Invariáveis
                                                                                  (referem-se a coisas)
Algum, alguma, alguns, algumas                                            algo
Nenhum, nenhuma                                                            Tudo
Nenhuns, nenhumas
Todo, toda, todos, todas                                                    Nada
Outro, outra, outros, outras
Muito, muita, muitos, muitas
                                                                                 (referem-se a pessoas)
Pouco, pouca, poucos, poucas                                            Quem
Certo, certa, certos, certas                                            Alguém
Vário, vária, vários, várias                                                    Ninguém
Quanto, quanta, quantos, quantas                                    outrem
Tanto, tanta, tantos, tantas
Qualquer, quaisquer
                                                                                   (referem-se a coisas e pessoas)
Qual, quais                                                                     Cada
Um, uma, uns, umas                                                              que

Os pronomes indefinidos também podem aparecer sob a forma de locução pronominal:

Cada qual, quem quer que, qualquer um, todo aquele que, tudo o mais

Emprego dos pronomes indefinidos

- o indefinido algum, anteposto ao substantivo tem sentido afirmativo; posposto, assume sentido negativo.

Algum caso teve ocorrência. (afirmativo)
Motivo algum me fará desistir de você. (negativo)

- o indefinido cada não deve ser utilizado desacompanhado de substantivo ou numeral.

Receberam dez reais cada um.

- o indefinido certo, antes de substantivo é pronome indefinido, depois do substantivo é adjetivo.

Não entendo certas pessoas. (pronome indefinido)

Escolheram o local certo para a festa. (adjetivo)

- o indefinido todo e toda (singular), quando desacompanhados de artigo, significam qualquer.

Todo homem é mortal. (Qualquer homem é mortal)

Quando acompanhados de artigo dão ideia de totalidade.

Ela jogou todo o macarrão fora.


Qualquer (plural = quaisquer): Vieram pessoas de quaisquer origens.


Pronomes Interrogativos

É um tipo de pronome indefinido com que se introduzem frases interrogativas (diretas ou indiretas).

Variáveis                                                         Invariáveis

Qual, quanto                                                 Quem que

Quantos irão ao teatro? (direta)
Quero saber quantos irão ao teatro. (indireta)

http://www.brasilescola.com/gramatica/pronomes-indefinidos-interrogativos.htm





Pronomes demonstrativos


Os pronomes demonstrativos demonstram a posição de um elemento qualquer em relação às pessoas do discurso, situando-os no espaço, no tempo ou no próprio discurso.
Eles se apresentam em formas variáveis (gênero e número) e não variáveis.

Primeira pessoa Este, estes, esta, estas, isto
Segunda pessoa Esse, esses, essa, essas, isso
Terceira pessoa Aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo


- As formas de primeira pessoa indicam proximidade de quem fala ou escreve:

Este senhor ao meu lado é o meu avô.

Os demonstrativos de primeira pessoa podem indicar também o tempo presente em relação a quem fala ou escreve.

Nestas últimas horas tenho me sentido mais cansado que nunca.

- as formas de segunda pessoa indicam proximidade da pessoa a quem se fala ou escreve:

Essa foto que tens na mão é antiga?

- os pronomes de terceira pessoa marcam posição próxima da pessoa de quem se fala ou posição distante dos dois interlocutores.

Aquela foto que ele tem na mão é antiga.


Uso do pronome demonstrativo

Os pronomes demonstrativos, além de marcar posição no espaço, marcam posição no tempo.

- Este (e flexões) marca um tempo atual ao ato da fala.

Neste instante minha irmã está trabalhando.

- Esse (e flexões) marca um tempo anterior relativamente próximo ao ato da fala.

No mês passado fui promovida no trabalho. Nesse mesmo mês comprei meu apartamento.

- Aquele (e flexões) marca um tempo remotamente anterior ao ato da fala.

Meu avô nasceu na década de 1930. Naquela época podia-se caminhar à noite em segurança.

Os pronomes demonstrativos servem para fazer referência ao que já foi dito e ao que se vai dizer, no interior do discurso.

- Este (e flexões) faz referência àquilo que vai ser dito posteriormente.

Espero sinceramente isto: que seja muito feliz.

- Esse (e flexões) faz referência àquilo que já foi dito no discurso.

Que seja muito feliz: é isso que espero.

- Este em oposição à aquele quando se quer fazer referência a elementos já mencionados, este se refere ao mais próximo, aquele, ao mais distante.

Romance e Suspense são gêneros que me agradam, este me deixa ansioso, aquele, sensível.

- O (a, os, as) são pronomes demonstrativos quando se referem à aquele (s), aquela (s), aquilo, isso.

Recuso o que eles falam. (aquilo)

- Mesmo e próprio, pronomes demonstrativos, designam um termo igual a outro que já ocorreu no discurso.

As reclamações ao síndico não se alteram: são sempre as mesmas. 

*são usados como reforço dos pronomes pessoais.

Ele mesmo passou a roupa. 

*como pronomes, concordam com o nome a que se referem.

Ela própria veio à reunião.
Eles próprios vieram à reunião.

http://www.brasilescola.com/gramatica/pronomes-demonstrativos.htm




quarta-feira, 18 de abril de 2012

Exercícios sobre o uso dos pronomes de tratamento


1. O pronome de tratamento usado para reitor é:
a) Vossa Excelência
b) Vossa Magnificência
c) Vossa Eminência
d) Vossa Reverendíssima
e) N.D.A.

2.Suponha que você deseje dirigir-se a personalidades eminentes,cujos títulos são: papa, juiz, cardeal, reitor e príncipe. Assinale a alternativa que contém a abreviatura certa da "expressão de Etratamento" correspondente ao título enumerado:
a) Papa ............... V. Sª
b) Juiz ................. V. Emª
c) Cardeal ........... V.M.
d) Reitor ............... V. Magª
e) Principe ............ V. A.

3. Numa das frases, está usado indevidamente um pronome de tratamento. Assinale-a:
a) Os Reitores das Universidades recebem o título de Vossa Magnificência.
b) Sua Excelência, o Senhor Ministro, não compareceu à reunião.
c) Senhor Deputado, peço a Vossa Excelência que conclua a sua oração.
d) Sua Eminência, o Papa Paulo VI, assistiu à solenidade.
e) Procurei o chefe da repartição, mas Sua Senhoria se recusou aouvir as minhas explicações.

4 Assinale a alternativa que apresenta o uso correto do pronome de tratamento.
a. Senhor Ministro, apresento a Vossa Senhoria a relação dos aprovados.
b. Ilustríssimo Senhor Diretor, solicitamos a Vossa Excelência o empréstimo de microfones.
c. Sua Excelência, o chefe da seção, autorizou minha liberação.
d. Sua Alteza, a rainha da Inglaterra, compareceu à cerimônia.
e. Senhor Coordenador, é do conhecimento de Vossa Senhoria a reivindicação do pessoal.

5. Na frase “S.S. visitou vários países” o pronome de tratamento refere-se:
a. A um sacerdote.
b. A um rei.
c. A um príncipe.
d. Ao papa.
e. A um governante.

Respostas:

1. B
2. E
3. D
4. E
5. D

Gênero textual - Carta


A carta tem uma estrutura obrigatória e que deve ser rigorosamente seguida, caso contrário, o candidato poderá ter sua redação anulada ou perder muitos pontos. A estrutura obrigatória da carta é: local e data, vocativo, texto e assinatura. Vejamos, então, um exemplo prático e, logo abaixo, a explicação:

Arapongas, 12 de Novembro de 2010.
Prezada Flávia,
É um prazer recebê-la no meu blog. Sua pergunta resulta em resposta para muitas outras pessoas que têm dúvidas…
Ass. Professor Edmundo Santana

Vamos aos detalhes:
- Local e data: por extenso, conforme acima. Normalmente se usa a data no lado direito da folha.
- Vocativo: use um pronome de tratamento adequado à pessoa a quem está se dirigindo. Quanto menos intimidade, mais formalidade. Neste caso, observe a quem se destina a carta. Se a um juiz: meritíssimo. Ao presidente: Excelentíssimo. A uma autoridade; Ilustríssimo,  se é parente: querido(a), etc…e por aí vai. Para pessoas que não sejam autoridades,  o prezado(a) cabe muito bem. Se souber o nome, coloque-o após o pronome de tratamento. Se não souber, pode ser o cargo que ocupa.
-  Texto: quanto mais íntima a pessoa, mais informal será seu diálogo e vice e versa. Procure, no primeiro parágrafo, de acordo com a proposta, perguntar sobre a pessoa ou fazer um elogio à empresa, etc… Depois entre com o argumento proposto.
- Assinatura: observe as instruções da prova. Em alguns vestibulares, pede-se que assine com a primeira letra do último sobrenome. Fiquem atentos.

Obs importante: não deixe linhas em branco entre estes itens.

http://professoredmundo.com.br/?p=722


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Pronomes pessoais


PRONOMES PESSOAIS

Os pronomes pessoais substituem os nomes e indicam as pessoas do discurso. Os pronomes pessoais dividem-se em: retos e oblíquos.

PRONOMES PESSOAIS RETOS E OBLÍQUOS


PESSOAS DO DISCURSO     RETOS          OBLÍQUOS

1ª pessoa singular                      Eu            Me, mim, comigo.
2ª pessoa do singular               Tu            Te, ti, contigo.
3ª pessoa do singular              Ele/ela             O, a, lhe, se, si, consigo.

1ª pessoa do plural                       Nós            Nos, conosco.
2ª pessoa do plural                       Vós            Vos, convosco.
3ª pessoa do plural                       Eles/elas     Os, as, lhes, se, si, consigo.

Classificamos os pronomes em retos ou oblíquos de acordo com a função que exercem na oração.

Os pronomes do caso reto funcionam como sujeito da oração; já os pronomes oblíquos funcionam como complemento e se dividem em: átonos e tônicos. Os pronomes tônicos são precedidos de preposição, enquanto os átonos não.

Exemplos:

Eles acordaram cedo para viajar.
Pronome pessoal do caso reto

Os professores nos orientaram corretamente.
                 Oblíquo átono

Ele deu um excelente livro a mim.
                 Oblíquo tônico

Pronome



Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha o nome, indicando-o como pessoa do discurso. Quando o pronome substituir um substantivo, será denominado pronome substantivo; quando acompanhar um substantivo, será denominado pronome adjetivo. Por exemplo, na frase Aqueles garotos estudam bastante; eles serão aprovados com louvor. Aqueles é um pronome adjetivo, pois acompanha o substantivo garotos e eles é um pronome substantivo, pois substitui o mesmo substantivo.

a) Pronomes adjetivos - quando acompanham um substantivo:
Meus amigos adoram esta casa.

b) Pronomes substantivos - quando representam um substantivo:
Alguns se julgam melhores que outros.

http://www.algosobre.com.br/portugues/pronome.html

Exercícios

As palavras em negrito são pronomes. Algumas substituem nomes, outras acompanham nomes. Separe-as em pronomes substantivos e em pronomes adjetivos.

"Eu gritei porque alguma coisa se moveu atrás de mim e uma mão peluda apertou o meu ombro. Vovô também se assustou, mas conseguiu prender o grito na garganta. No instante em que a horrenda mão se fechava, um guincho selvagem me sacudiu por inteiro. Virei-me."

(CAPARELLI, Sérgio - Vovô fugiu de casa. 7ª ed.Porto Alegre: L&PM, 1986.)



quinta-feira, 12 de abril de 2012

O asno e o velho pastor


O Asno e o Velho Pastor


Um Pastor observava sossegado seu Asno a pastar em um verde campo. De repente, escuta ao longe, os gritos de uma tropa de soldados inimigos, que se aproxima rapidamente.

Então com medo de ser capturado pelo inimigo, ele implora ao animal, que este o carregue em suas costas, o mais rápido que puder, para não serem aprisionados. O Asno, com calma, lhe pergunta:

Senhor, por que eu deveria ter medo do inimigo? Você acha possível que o conquistador ponha em mim, além dos dois cestos de carga que carrego todo dia, mais outros dois?

Acho que não! - Lhe responde o Pastor.

Então, - Diz o animal - contanto que eu carregue os dois cestos que já carrego, que diferença faz a qual senhor estarei servindo

Moral da História: Ao mudar o governante, para o pobre, nada muda além do nome do seu novo senhor.
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Autor: Esopo